quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Cine Clube #13: O Pagador de Promessas

                                                                        


Hoje se comemora o dia de Santa Bárbara e também é homenageada Iansã.
No sincretismo religioso Iansão é representada por Santa Bárbara.
Sem me deter no aspecto religioso (sou adepta da livre religiosidade, onde a bondade, o amor e o respeito ao próximo devem necessariamente vir junto com toda e qualquer religião, não importa qual nome as denomine) e sim no cultural já que sou apaixonada por mitologia (o candomblé está representado na mitologia africana) e também por hagiografia (A história da vida dos santos católicos) lembrei-me desse extraordinário filme que assisti há muitos anos, um filme antigo e ao mesmo tempo tão atual!
Como sou muito sensível a tudo que se refere aos animaizinhos e sou total, radical e inteiramente dedicada a eles O Pagador de Promessas me marcou muito na época que assisti e que até hoje me faz refletir.
Claro que quando assisti somente assimilei a história e não me dei conta das infinitas camadas que a história pretensamente simples encerra em si e que se transformam em complexas e grandiosas nuances.
Hoje compartilho com vcs esse que é um clássico e premiado filme do nosso cinema nacional.


A obra-prima do cinema brasileiro, O Pagador de Promessas, baseado na narrativa de Dias Gomes, lançado em 1962, amplamente premiado, foi roteirizado e dirigido por Anselmo Duarte. As filmagens foram realizadas em Salvador, capital da Bahia. Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, na categoria de melhor filme, conquistou também outros inúmeros prêmios e uma indicação para o Oscar de 1963, no qual concorreu como melhor filme estrangeiro.
O Pagador de Promessas foi concebido em 1961, quando o cineasta Anselmo Duarte assistiu a transcrição cênica da peça de Dias Gomes, levada aos palcos por Flávio Rangel, protagonizada por Leonardo Vilar, que seria convidado também para a versão cinematográfica.
O diretor pelejou antes de obter a permissão de Dias Gomes para a realização do filme, pois nessa época havia dirigido apenas uma produção, Absolutamente Certo.  Com certeza o dramaturgo não esperava um retorno tão bom nas bilheterias e no rol das premiações. Os direitos foram finalmente adquiridos a um custo de 400 cruzeiros, valor recorde na história das adaptações de obras brasileiras. Não foi necessário recorrer a um montante financeiro tão alto para custear o filme, que foi realizado com apenas R$ 20 milhões.
A trama é singela, porém tocante e bem construída. Zé do Burro, interpretado brilhantemente por Leonardo Vilar, é uma pessoa simples que, ao tentar apenas concretizar o cumprimento de uma promessa concebida em um terreiro de candomblé – levar ao longo de um caminho extenso uma cruz de grande peso -, se vê diante da intolerância da Igreja.
Zé detém uma pequena fração de terra no Nordeste brasileiro, a uma distância de 42 Km de Salvador. Quando seu grande amigo, um burro de estimação, fica enfermo ao ser fulminado por um raio, ele imediatamente sai em busca de uma mãe-de-santo ligada ao Candomblé. O dono do animal promete que se seu burro ficar bom, dará aos pobres suas terras e levará uma cruz de madeira até a Igreja de Santa Bárbara, localizada na capital da Bahia, e lá a doará ao padre responsável pela instituição.
Assim que o burro se restabelece, ele põe o pé na estrada, ao lado de sua esposa Rosa, vivida por Glória Menezes. A abertura do filme mostra Zé do Burro e a mulher alcançando a catedral durante a madrugada. Quando o padre se inteira do contexto que marcou a promessa de Zé, a rejeita imediatamente, pois aponta nela raízes não cristãs, mas sim pertencentes ao Candomblé.
É quando Zé se torna famoso na cidade, tornando-se instrumento de protesto para os adeptos do Candomblé; massa de manobra para a mídia atrelada ao sistema, que o acusa de ser defensor da Reforma Agrária, uma vez que doou suas terras aos desprovidos da sorte; e meio de reafirmação do monopólio religioso exercido pela Igreja Católica.
Um caloroso confronto com a Polícia tem início quando se tenta impedir à força a entrada de Zé na Igreja. E a trama caminha para um desfecho trágico.
Tudo contribuiu, nesta produção, para transformá-la em um clássico do cinema brasileiro, que chegou a ser transmitido na própria Casa Branca, aclamado então pelo Presidente Kennedy em pessoa.
Fonte- Wikipédia


Recomendadíssimo.
Abraços Literários e até a próxima.


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