sexta-feira, 20 de maio de 2016

Caneca Literária #33: Todos contra D@nte-

                                                                                 




A Caneca Literária de hoje é para promover a conscientização de maneira reflexiva através da leitura, buscando soluções que só serão possíveis  no afeto de nossas famílias e no poder da educação.

                                                                                     



Sinopse: Dante é novo na escola. Vem de um bairro mais pobre e gosta de ler A divina comédia, de Dante Alighieri.
Logo sua aparência e sua classe social viram combustível para o riso dos colegas.
A perseguição se torna sistemática e ganha força no ciberespaço, onde o jovem é ridicularizado e hostilizado por inúmeros adolescentes protegidos pelo confortável anonimato de uma comunidade na internet.
O que era para ser “apenas brincadeira” ganha dimensões trágicas.
Todos contra Dante se baseia – infelizmente – em fatos reais.
Com linguagem ágil e uma arquitetura inovadora, o jornalista Luís Dill constrói cuidadosa reflexão sobre nossa sociedade atual. E nesse cenário, quase sempre maquiado por toda sorte de artificialismo, a violência espreita.

Um soco no estômago!
 Todos Contra Dante, um livro escrito por Luís Dill (publicado pela Cia. Das Letras) nos dá exatamente essa sensação.
Para entender o porquê dessa sensação, é necessário praticar a empatia e ser sensível a marca da insegurança adolescente e a crueldade de quem pratica o bullying.
Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão.
É lugar comum falar sobre essa temática, mas infelizmente, absurdamente necessário, já que leva a atos inadmissíveis.
Escrito em 2008 é mais atual do que nunca, talvez atemporal se levarmos em consideração de que os adolescentes, talvez passem por isso desde sempre.
O tema central desta tragédia é narrado de forma bem peculiar.
O livro se inicia com a tragédia em si, retornando aos poucos alternando-se em capítulos nos apresentando o que aconteceu e de que maneira.
A narrativa  apresenta-se ora em forma de diálogo, ora em forma de publicações em uma comunidade na internet, em formato de posts em um blog e por fim acompanhando cada um dos capítulos, há links plus.
O autor soube reproduzir muito bem o que o jovem poderia ter sentido, provando ter profundidade, criatividade e senso realístico aguçados, numa narrativa em que talento e imaginação se misturam com a poderosa realidade, expandindo os limites do impensável e deixando o leitor perplexo.
A temática apesar de jovem, diferencial do autor, pode e deve ser obra literária para pessoas de todas as idades, apesar de que o formato do livro em si e a linguagem com gírias pode não agradar a todos.
Eu mesma, li primeiro de uma sentada, e dp com o cuidado de fazer a correlação e a intertextualidade em cada capítulo.
Os posts no blog nos trazendo o íntimo e a personalidade do querido Dante.
Os comentários maldosos na comunidade nos colocando cara a cara com a frustração e a insensibilidade dos jovens que ferem.
Os diálogos mostram o alto custo de atitudes impensadas e de como para o sentimento de pertencimento as pessoas agem por impulso e se tornam reféns criando um laço invisível entre algoz e vítima.
Os links trazem aquele algo a mais  e dão profundidade aos diálogos e publicações.

Um outro senão é que as páginas e a cor das letras azuis fizeram a leitura se tornar um desafio e o tamanho das letras não ajuda muito quem não tem olhos de águia.

“Entre aspas” deixo registrada a força do personagem Ulisses, irmão de Dante, seu amor pelo irmão, pela mãe e suas palavras que calam fundo encontrando morada no coração.

Recomendadíssimo esse pequeno grande livro de apenas 95 páginas, mas que encerra em si muito ensinamento e reflexão.
Como disse o autor,  tragédias sugerem indignação, mas é preciso que a indignação dure, crie corpo e identidade. Não perder a capacidade de se indignar, talvez a inconformidade seja o argumento capaz de tocar a consciência.
Fica a reflexão. Para onde caminhamos?
O pessimismo é o sentimento mais fácil.
Eu prefiro acreditar em soluções.
Para construí-las é preciso responsabilidade.
É no afeto da família que os valores vão se enraizar e que a educação poderá germinar. E com educação tudo se resolve.


Abraços Literários e até a próxima.


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