sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Trem noturno para Lisboa-

                                                                          



Trem noturno para Lisboa, vendeu 2 milhões e meio de exemplares desde que foi publicado em 2004 e se tornou fenômeno editorial na Europa.

                                                                       



O livro/filme  sugere  que tanto os herdeiros dos torturadores, quanto os torturados, sofrem ao remexer nesse passado de más lembranças. Ambos têm dramas pessoais a serem revistos, remorsos ou arrependimentos que teimam em não sair da memória mesmo com o passar do tempo. Alguns já morreram, outros estão envelhecidos, mas mesmo seus descendentes também sofrem ao saber da história pessoal dos seus avós tão queridos.
É o caso da jovem mulher que o professor Gregorius impede de se jogar de uma ponte, na chuvosa Berna, Suíça.
A história trata da mudança brusca na vida do professor de línguas clássicas Raimund Gregorius, que deixa a universidade, a casa e a sua vida em Berna para pegar o Trem noturno para Lisboa e conhecer a cidade, através do olhar do médico Amadeu Almeida Prado, escritor português, cuja obra conheceu ao ficar com o livro de sua autoria que estava no bolso da mulher quase suicida.
Apenas com a  roupa do corpo e um cartão de crédito internacional!
Em terras portuguesas, o protagonista inicia uma busca pelo passado de Amadeu, entrevistando os personagens do livro. Descobre uma história de amor, amizade, paixão, conflitos, traições, disputas e agitações políticas que aterrorizaram a população durante a ditadura fascista de Salazar
Em sua viagem encontra pessoas que ficaram marcadas por seu relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta ou combatente da ditadura.
O entrelaçamento entre as histórias pessoais e a história política portuguesa é envolvente. A quase-suicida acaba se revelando como neta do “Carniceiro de Lisboa”. O impulso de se jogar da ponte em Berna ocorreu após ter lido a denúncia de quem era, de fato, seu avô. Ela lembrava apenas das cenas carinhosas de um avô com a netinha e desconhecia que era o maior torturador do regime ditatorial.
No papel de narrador da história  para os próprios protagonistas, Gregorius resgata sua autoestima, para isso foi também necessário reencontrar o amor através da sobrinha de um velho militante “aprisionado” pela família em asilo de velhos, depois de anos passados nos cárceres da ditadura.
É arrebatador  imaginar as ruas dessa cidade histórica. Fiquei pensando em como seria se alguém acompanhasse algum autor paulistano desconhecido nas suas andanças por São Paulo.
Se fôssemos até onde o autor morou, conversássemos com seus parentes vivos, para saber mais obre ele.
Um filme/livro interessante, um road trip magnífico, intenso, cativante, com personagens bem construídos e instigantes.

Super vale a pena conferir, acreditem o tom é de intimidade e nada didático.
Recomendadíssimo.

Abraços Literários.


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