sábado, 16 de janeiro de 2016

Caneca Literária #29: Manuscritos do Mar Morto

                                                                                 
A Caneca Literária de hoje é para VCS que assim como nós amam os thrillers policiais/conspiratórios e aqueles personagens super bem construídos, marcantes, inesquecíveis, com os quais fazemos amizade e depois que o livro acaba, sentimos uma saudade imensa deles.

Nossa coluna queridinha estreia 2016 em grande estilo trazendo um dos nossos livros favoritos!

                                                                                   


Sinopse- A ambiciosa policial Heather Kennedy está em seu trabalho mais difícil: seus métodos de investigação são criticados e ela está sendo assediada por colegas rancorosos porque não lhes dá atenção. Até que lhe é atribuída o que parece ser uma investigação de rotina, sobre a morte acidental de um professor da Faculdade Prince Regent, mas a autópsia deste caso volta com algumas descobertas incomuns: o inquérito vincula a morte deste professor às de outros historiadores que trabalharam juntos em um obscuro projeto sobre um manuscrito do início da Era Cristã. Em seu escritório, Kennedy segue com sua investigação e logo se preocupa com o rumo para onde está sendo levada. Mas ela não está sozinha em sua apreensão. O ex-mercenário Leo Tillman — seu futuro parceiro — também tem angustiantes informações sobre estes crimes. E sobre a misteriosa organização mundial a que os crimes se relacionam… Escondido entre os pergaminhos do Mar Morto, um códice mortal pretende desvendar os segredos que envolvem a morte de Jesus Cristo. Entre um terrível acidente de avião no deserto americano, um brutal assassinato na Universidade de Londres e uma cidade-fantasma no México, Manuscritos do Mar Morto é o mais emocionante thriller desde O código Da Vinci.


A policial Heather Kennedy, nossa protagonista, é daquelas personagens principais que arrepiam a cada frase. Ela tem uma pegada diferente, forte, ousada, autoritária, competentíssima e determinada sendo ao mesmo tempo refém de uma sensibilidade incomum e das incertezas que rondam seu psicológico e seu dia a dia no trabalho em campo.
Leo Tillman é um cara instigante. Sombrio, estranho, interessante, forte, firme, determinado, misterioso, daqueles que desperta a curiosidade só de olhar, sacaram? (quero um Tillman para chamar de meu hehehe).
Kennedy conhece Tillman, e os dois formam uma parceria. No início não são amigos, nem mesmo colegas. Apenas trocam informações absolutamente necessárias onde um ajuda o outro nas investigações paralelas de ambos até descobrirem os Manuscritos do Mar Morto, que esconde um segredo que a humanidade não pode conhecer.
Daí VC pensa a história é batida e recontada, mais um livro que costura as teorias da conspiração sobre a morte de Jesus e o surgimento do cristianismo, dos muitos que surgiram na esteira de O Código da Vinci de Dan Brown.
Mas Manuscritos do Mar Morto, do britânico Adam  Blake, apesar do título óbvio, é um bom thriller policial, desses que se lê de um só fôlego, de uma sentada, que prende a atenção do início ao fim, recheado de mistérios e tramas de espionagem internacional, para entreter leitores que adoram o gênero.
O ponto de partida é um grupo de historiadores que trabalha em documentos antigos, especificamente aqueles encontrados na década de 1940 em Nag Hammadi, no Egito,  que versam sobre gnosticismo (conjunto de correntes filosófico-religiosas) e um suposto Evangelho de Judas. Os pesquisadores descobrem um segredo milenar que jamais deveria vir à luz e por isso pagam com a vida, em crimes planejados para parecerem acidentes.
É a partir daí que entram em ação os protagonistas da história, a detetive Heather Kennedy e o ex-soldado e ex-mercenário Leo Tillman, “uma hábil máquina de matar” que há 13 anos viaja pelo mundo em busca de Michael Brand, o homem que ele acredita ter raptado sua mulher e os três filhos pequenos. Os dois se unem porque Brand também parece estar misteriosamente envolvido nas mortes dos pesquisadores.
Além da trama principal, Adam Blake, que é pseudônimo de Mike Carey, autor consagrado da Grã-Bretanha, desenvolve ótimas tramas paralelas, que com o avançar da narrativa se cruzam, como as investigações do xerife Webster Gayle, (um dos meus personagens favoritos) no Arizona, sobre a queda de um avião em um pedaço de deserto sob sua jurisdição.
O autor também explora muito bem os conflitos pessoais e familiares de seus personagens. Heather Kennedy, por exemplo, cuida do pai, um ex-policial com Alzheimer. E por ser mulher, invejada pela competência em seu trabalho, e lésbica, sofre assédio moral e provocações constantes dos colegas detetives de seu departamento. Já Tillman, tem uma personalidade complexa, obsessiva  e compulsiva, além de uma carga emocional imensa que demonstra o quanto sua alma é atormentada por uma busca (quase) infrutífera, que é o que o mantém em contato com a realidade.

A história começa em Londres, com algumas cenas em lugares exóticos da Europa Central e do Oriente Médio. Depois, juntando, alinhavando e costurando as tramas paralelas com maestria, Blake transfere o epicentro da trama para o Arizona e a Cidade do México, unindo Heather e Gayle, além da jornalista Eileen Moggs, uma personagem coadjuvante que se mostra essencial para a investigação da detetive inglesa.
Blake, que também é roteirista de quadrinhos, tem uma narrativa ágil e enxuta, além de rica em detalhes, com personagens muito bem construídos, carismáticos e “reais”.
Ele escreve de forma visual, mas não perde tempo com descrições desnecessárias e consegue adjetivar cenários que surgem na mente do leitor como cenas de um filme, inserindo-o na trama.
Manuscritos do Mar Morto surpreende por mostrar as mesmas questões por um ângulo e abordagem novos.
Comparar o livro a O Código da Vinci é um grande equívoco. Dan Brown faz questão de manter um tom conspiratório, místico e até meio fanático nas histórias de Robert Langdon; enquanto Blake trabalha num tom “crível” em seu thriller de conspiração e investigações plausíveis. Não precisa ser um leitor muito atento,  basta senso crítico e bagagem de referências literárias prévias, além de bom senso, para ficar  claro que os livros não se misturam.

Manuscritos do Mar Morto é um excelente livro de suspense, ação, assassinatos, intrigas e você leitor, precisa conhecê-lo o mais rápido possível.
Especialmente se VC curte um thriller policial conspiratório de arrepiar. 

Recomendadíssimo!

Abraços Literários e até a próxima.



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