terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Arte das Capas #12

                                                                         
 

A capa de livro é a identidade visual de uma obra literária. Uma nobre embalagem, que desperta os sentidos, desejos, sonhos e emoções, e tem muita história para contar...
A Arte das Capas é a coluna em que mostramos  livros e suas capas.
Bacana pra que vocês conheçam novos livros e novas capas também, já que temos  certeza que muita gente, assim como nós, adora capas de livros!
Nesse mês de setembro nós trazemos esse que é um livro encantador e absolutamente recomendado, pelo qual eu sou completamente apaixonada e que é um dos meus favoritos, Esposa 22, de Melanie Gideon.

                                                                       




 Sinopse- Alice e William Buckle se casaram apaixonados. Mas, dois filhos e quase vinte anos depois, Alice está entediada. Por isso, quando recebe um convite por e-mail para participar de uma pesquisa on-line sobre casamentos, ela aceita num impulso. Respondendo às perguntas enviadas por um pesquisador anônimo e carismático (Pesquisador 101), Alice (Esposa 22) tem a oportunidade de reexaminar a história do próprio relacionamento.

                                                                           



Cativante, interessante e espirituoso, Esposa 22 chama a atenção pela linda capa lilás e uma boca em forma de coração.
Mas é muito mais do que uma linda capa. É uma deliciosa, instigante e bacanérrima comédia romântica contemporânea, um chick lit de alta qualidade, sem dúvida um dos meus favoritos, me fez parar o mundo e devorar cada página.
Um retrato fiel de como a internet (e suas inúmeras redes sociais) se tornou algo imprescindível para a maioria das pessoas, nos dias atuais.
Quantos perfis públicos você tem? E anônimos?
Qual a sua relação com o Google? Já pensou sobre isso? Com tantos tópicos comuns a todos nós, o mote do livro é bastante interessante.
E apesar do título, não é só dedicado às casadas, mas a todas nós que vivemos nesse mundo maluco.
Para quem é casado e tem filhos, irá se identificar imediatamente com toda a dubiedade de sentimentos da protagonista. Porém, quem não viveu essa experiência ainda, terá um perfeito panorama das responsabilidades que o casamento e a criação dos filhos exigem.
O conjunto dos temas e a dinâmica da leitura fazem de Esposa 22 um livro maravilhoso.

                                                                          



Alice Buckle é uma mulher de quarenta e quatro anos, vinte anos de casada, dois filhos adolescentes, um perfil assíduo no Facebook, um no twitter, um email e um celular inseparável, sem contar as frequentes visitas ao site de pesquisa do Google, itens de total apego e necessidade constante. 
Entre uma clicada e outra, Alice resolve pesquisar no Google sobre felicidade no casamento e dias depois recebe em sua caixa de span, uma solicitação para participar de uma pesquisa sobre o assunto, pela qual ela receberá no final, mil dólares.
Ela é então encaminhada a um endereço eletrônico com o pseudônimo de Esposa 22, e lhe foi designado um pesquisador sob o pseudônimo de Pesquisador 101.
Devidamente cadastrada, ela começa a receber as perguntas e enviar as respostas. Com o tempo, e as interações entre o questionário, as respostas e as dúvidas, a Esposa 22 se apaixona pelo Pesquisador 101, e o Pesquisador 101 também se apaixona pela Esposa 22.
Paralelo a obsessão que se transformou essa pesquisa e protegida sob a sua identidade secreta, Alice tem uma vida bem atribulada. Seu marido, William Buckle, perde o emprego e surgem inesperados problemas com seus dois filhos adolescentes, o que a faz refletir sobre o seu casamento e a vida em família.
Uma divertida leitura que aborda além dessa desenfreada dependência da internet, o acesso com toda e qualquer pessoa, o anonimato e exposição nas redes sociais, também trata assuntos complexos como homossexualismo e uso de drogas. Vale ressaltar a diagramação do livro, bem variada.
A narrativa é sob a perspectiva de Alice, personagem muito bem construída, divertida, bem humorada, que cativa o leitor, e marcada pelo excessivo uso de diálogo e pouca descrição. Como se estivéssemos lendo uma peça teatral. Aliás, Alice é professora de teatro. Desta forma a leitura criativa flui numa dinâmica sem freios. 
Alice é uma personagem tão palpável, que em muitos momentos parecia que eu era sua amiga, tomando um café e ouvindo sua história.   
Além das mensagens de e-mails trocadas entre Alice e o pesquisador 101, temos acesso as atualizações do seu facebook, e também suas pesquisas pelo Google. Este formato, cria uma atmosfera tão agradável, que as páginas passam voando.
Um ponto positivo é a consistência de todos os personagens, graças aos diálogos espirituosos e envolventes,
e as cenas enxutas e diretas. A autora dessa forma consegue construir um enredo grandioso, atual e original. Seus personagens possuem sentimentos reais e críveis, de forma que o leitor consegue criar uma identificação imediata com todos.Os personagens secundários são absolutamente apaixonantes e muitas vezes roubam a cena encantadoramente.

                                                                        


O pesquisador 101 designado a lhe fazer as perguntas, é um simpático homem, que se mostra sensível e atencioso. Os dois acabam criando perfis no facebook, para se comunicarem mais abertamente, e é justamente quando tudo se torna um jogo perigoso.
Alice está cada vez mais viciada em se comunicar com o misterioso pesquisador 101, e enquanto revela detalhes minuciosos de sua vida conjugal, sente que não sabe nada sobre ele.

“ (...) Eu nem preciso olhar pela janela para ver como está o clima. Posso ter a previsão do tempo todas as manhãs, enviada diretamente para o meu laptop. Existe coisa melhor?

Cordialmente, Esposa 22.

(...)Existe: ser pego de surpresa pela chuva.

Tudo de bom,

Pesquisador 101.”



O pesquisador 101 é apaixonante. Suas mensagens, sua percepção sobre os sentimentos de Alice, e especialmente o seu modo de ler nas entrelinhas, são altamente irresistíveis, motivo pelo qual não dá para culpar Alice por não resistir aos seus encantos.

Esposa 22: Essa é a sua mão na foto do seu perfil?

Pesquisador 101: É

Esposa 22: Por que você postou uma foto da sua mão?

Pesquisador 101: Por que eu queria que você a imaginasse na sua nuca.”


Mais do que mostrar o desgaste causado pelos anos de casamento, o livro traça um paralelo sobre as consequências de sermos tão apegados as redes sociais, como se fosse extremamente necessário expor nossas vidas e rotinas, a fim de sentirmos que nossas experiências são reais.
Será que a acessibilidade é tão essencial assim em nossas vidas?

Leitura mais do que recomendada.

                                                                       



Agora o que nós queremos saber é: Qual dessas capas é a sua favorita?????

Abraços Literários e até a próxima.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Jornal Poético: Diversos Versos, Inversos e Reversos #11

                                                                         



Este espaço,  intitulado Jornal Poético: Diversos Versos, Inversos e Reversos,  foi criado,   porque as poesias, os poemas, as rimas, os cordéis, prosa e verso  não podem ficar restritos a um sarau em  uma sala;  devem estar ao nosso alcance sempre.
Com a leitura podemos, encontrar e descobrir mundos que existem dentro de nós mesmos.
É  por isso que convidamos você, hoje, 22 de setembro,  a embarcar com a gente nesse lindo poema de  Cecília Meireles, que escolhemos para desejar neste Início de Primavera e em todos os outros dias, flores, pássaros, borboletas, perfumes e cores!
Cada uma de nós, à sua maneira, extrai da vida a poesia que nos cabe.

                                                                          



Primavera
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1”, Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.


Beijos poéticos, enormes e abraços literários.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Caneca Literária #15: Verão Cruel

                                                                          



Caneca Literária de hoje é para VCS que assim como nós gostam de um livro com formato inovador para ler despretensiosamente  acompanhado de uma xícara quentinha de café.
E assim como a nossa protagonista é viciada em internet olha que fofurice as canecas que encontramos na rede.

                                             
                            




Verão Cruel - Alyson Noël

Colby Cavendish, uma ex-nerd, decide mudar radicalmente sua própria imagem. Está ansiosa por participar de festas descoladas com a turma e, se tudo der certo, ficar com o cara mais gostoso da escola, Levi Bonham. Mas seus planos vão por água abaixo quando seus pais a mandam passar férias forçadas na Grécia com sua tia. Presa em uma ilha sem shoppings e sem sinal de celular, ela teme ser rapidamente esquecida por seus amigos. Mas eis que conhece Yannis, um deus grego, e tudo muda. Colby acaba confusa e tudo indica que aquele sentimento será mais que uma simples paixonite de verão.


Verão Cruel conta a história de Colby Cavendish por meio das páginas do seu diário. O livro começa com a protagonista sendo enviada para a Grécia, pois seus pais estavam se separando e resolveram poupá-la deste desgaste emocional.
Se no início a personagem é fútil, vazia e superficial, inclusive fazendo escolhas conscientemente erradas, no decorrer da narrativa acompanhamos o amadurecimento, o crescimento de Colby que decide se reinventar e acerta em cheio!
A história conta com  personagens interessantes e bacanas, principalmente na Grécia, aonde Colby vai se hospedar com a tia, que é um amor de pessoa,e que mesmo não aparecendo tanto na história, é um personagem marcante e decisivo na trama.
A autora tentou passar a mensagem de como somos apegados às redes sociais mostrando o “desespero” da personagem principal quando descobre que na casa da sua tia não tem WiFi, mas não foi muito convincente já que na viagem de Colby há muito a ser explorado e  estamos falando de três meses na Grécia e ao lado de um deus grego!
Também exagerou ao passar a imagem de  “mimizenta” da protagonista.
 Adolescente é adolescente e não quer perder uma balada por nada, mas chamar de "Verão Cruel" ser enviado para uma ilha paradisíaca é meio forçado. Ela passa tanto tempo reclamando que chega um momento em que temos vontade de “abandonar” a protagonista e “conversar” apenas com os outros personagens.
Verão Cruel é um livro com poucas páginas, mas nem por isso é uma leitura rápida nem leve.
Totalmente contado pela personagem principal, Colby Cavendish, o livro se divide entre momentos em que a garota está escrevendo em seu diário, respondendo e-mails ou retornando mensagens e cartões postais.
E isso é bem interessante.
No diário Colby nos conta que criou um blog - daí o nome do livro - para contar aos seus "amigos" sobre suas indesejadas férias de verão em uma ilha na Grécia e a visão maçante que ela tem do local.
E é  por esses meios que conhecemos a história
Do que realmente senti falta e isso porque achei necessário foram imagens. Em seu blog, a personagem descreve certas imagens e nesses momentos não temos nada para ver além dos textos.

Uma curiosidade, a primeira coisa que me chamou atenção no livro: ele não tem capítulos! Nunca tinha lido um livro sem divisões definidas e essa estrutura deixou a narrativa bem fluída.
Gostei bastante.

Recomendado.



Abraços Literários e até a próxima.

domingo, 14 de setembro de 2014

Inspira Estante #10

                                                                  



Essa é a coluna daqueles que são apaixonados por estantes, principalmente se estiverem abarrotadas de livros.

                                                                     



É um móvel super versátil, que se adapta a qualquer lugar da casa suprindo as necessidades literárias e ainda mantém os livros pertinho e organizados.

                                                                     


Vamos postar fotos de algumas estantes lindas de se ver, outras interessantíssimas, algumas diferentonas, outras fofas, algumas pequeninas, outras grandonas e tb aquelas que nem  parecem estantes.

                                                                      



Está esperando o quê para vir aqui e se inspirar ???????

                                                                         



E aí, entre essas que apresentamos, qual a sua estante favorita ??????

Abraços Literários e até a próxima!
  

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Trem noturno para Lisboa-

                                                                          



Trem noturno para Lisboa, vendeu 2 milhões e meio de exemplares desde que foi publicado em 2004 e se tornou fenômeno editorial na Europa.

                                                                       



O livro/filme  sugere  que tanto os herdeiros dos torturadores, quanto os torturados, sofrem ao remexer nesse passado de más lembranças. Ambos têm dramas pessoais a serem revistos, remorsos ou arrependimentos que teimam em não sair da memória mesmo com o passar do tempo. Alguns já morreram, outros estão envelhecidos, mas mesmo seus descendentes também sofrem ao saber da história pessoal dos seus avós tão queridos.
É o caso da jovem mulher que o professor Gregorius impede de se jogar de uma ponte, na chuvosa Berna, Suíça.
A história trata da mudança brusca na vida do professor de línguas clássicas Raimund Gregorius, que deixa a universidade, a casa e a sua vida em Berna para pegar o Trem noturno para Lisboa e conhecer a cidade, através do olhar do médico Amadeu Almeida Prado, escritor português, cuja obra conheceu ao ficar com o livro de sua autoria que estava no bolso da mulher quase suicida.
Apenas com a  roupa do corpo e um cartão de crédito internacional!
Em terras portuguesas, o protagonista inicia uma busca pelo passado de Amadeu, entrevistando os personagens do livro. Descobre uma história de amor, amizade, paixão, conflitos, traições, disputas e agitações políticas que aterrorizaram a população durante a ditadura fascista de Salazar
Em sua viagem encontra pessoas que ficaram marcadas por seu relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta ou combatente da ditadura.
O entrelaçamento entre as histórias pessoais e a história política portuguesa é envolvente. A quase-suicida acaba se revelando como neta do “Carniceiro de Lisboa”. O impulso de se jogar da ponte em Berna ocorreu após ter lido a denúncia de quem era, de fato, seu avô. Ela lembrava apenas das cenas carinhosas de um avô com a netinha e desconhecia que era o maior torturador do regime ditatorial.
No papel de narrador da história  para os próprios protagonistas, Gregorius resgata sua autoestima, para isso foi também necessário reencontrar o amor através da sobrinha de um velho militante “aprisionado” pela família em asilo de velhos, depois de anos passados nos cárceres da ditadura.
É arrebatador  imaginar as ruas dessa cidade histórica. Fiquei pensando em como seria se alguém acompanhasse algum autor paulistano desconhecido nas suas andanças por São Paulo.
Se fôssemos até onde o autor morou, conversássemos com seus parentes vivos, para saber mais obre ele.
Um filme/livro interessante, um road trip magnífico, intenso, cativante, com personagens bem construídos e instigantes.

Super vale a pena conferir, acreditem o tom é de intimidade e nada didático.
Recomendadíssimo.

Abraços Literários.


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Cine Clube #12: Toque de Mestre

                                                                       



Toque de Mestre chama a atenção de qualquer espectador já que é um filme que se passa em um único cenário. É no mínimo corajoso esse ponto de vista e  merece ser dado a oportunidade de assistir a todo cinéfilo.
Por Um Fio que se passa em um telefone público é exemplo de um bom filme assim, funcionou e conseguiu prender a atenção do espectador.
Toque de Mestre  promove esse intuito e convence do risco eminente à um pianista, que toca em um concerto musical.
A trama gira em torno de Tom Selznick (Elijah Wood) que decide retornar aos palcos depois de uma pausa de cinco anos na carreira, por conta de um trauma, um colapso que sofreu durante uma apresentação. Atendendo aos pedidos de sua esposa Emma (Kerry Bishé), uma famosa atriz, ele aceita o desafio de fazer parte de um importante evento para homenagear seu falecido mestre, tocando em um raro e customizado piano que pertencia ao seu mentor.
Logo no início de sua apresentação, Selznick descobre que  seu retorno aos palcos  será mais complicado do que  poderia imaginar, além de sua insegurança ele se vê imerso em um jogo psicológico, pois alguns recados deixados em suas partituras lhe informam que ele e sua esposa estarão durante a apresentação sob o alvo de um atirador, e não lhe é permitido errar uma nota sequer, mais ainda, lhe é exigido tocar a “inexecutável” obra La Cinquete, a mesma na qual ele “travou” cinco anos atrás.

                                                                       



A ideia dos roteiristas é  interessante e a direção do espanhol Eugenio Mira que tem como referência Brian de Palma, consegue criar um ambiente tenso que prende a atenção enquanto a trama se desenrola.
O filme de curta duração, aproximadamente 80 minutos, passa rapidamente e cumpre o papel de entreter o espectador.
Alguns momentos criam um clímax bacana, como a interação entre o assassino e o alvo através de um ponto de comunicação ou como a troca de mensagem em meio ao toque de notas musicais.
Reparem também na quantidade de vermelho que compõe as cenas e a preocupação em equilibrar conteúdo e forma
Há ainda alguns toques na direção que são no mínimo interessantes, como uma cena que transmite a sensação de estarmos acompanhando fatos consecutivos, quando na verdade se tratava de split screen, dois planos diferentes em uma tela dividida.
As atuações estão corretas. Elijah Wood não  decepciona e John Cusack consegue fazer bem o trabalho de voz.
O motivo e ambição do antagonista são interessantes, fogem do clichê; a inserção é feita em um plano maior que é jogado com critérios pré-estabelecidos.
           

Abraços Literários e até a próxima.



sábado, 6 de setembro de 2014

A Filha da Minha Mãe e Eu-

                                                                       



Sinopse - A Filha da Minha Mãe e Eu – Maria Fernanda Guerreiro
Mesmo quem nos ama às vezes não consegue ver quem realmente somos.
Sensível e tão real a ponto de fazer você se sentir parte da família, A filha da minha mãe e eu conta a história do difícil relacionamento entre Helena e sua filha, Mariana. A história começa quando Mariana descobre que está grávida e se dá conta de que, antes de se tornar mãe, é preciso rever seu papel como filha, tentar compreender o de Helena e, principalmente, perdoar a ambas.
Inicia-se, então, uma revisão do passado – processo doloroso, mas revelador,  pautado por situações comoventes, personagens complexos e pequenas verdades que contêm a história de cada um contadas com sensibilidade tocante, que começam na infância e seguem pela vida afora, retratando a convivência da garota com a mãe Helena, o pai, Tito, e o irmão, Guga.
Um livro que fala com propriedade desse tema tão rico e tão delicado que é o relacionamento entre mãe e filhos.


Livro de qualidade editorial excelente, da parte gráfica à revisão e diagramação.
Apesar do tema central ser o relacionamento de Mariana, a filha e Helena, a mãe, toda a família está diretamente envolvida e influencia o rumo da história.
Os personagens e os acontecimentos são possíveis, por isso, causa rápida e fácil identificação com o leitor.
A narrativa é em primeira pessoa, contada pela filha e o ponto de partida é a descoberta da gravidez.
Refletindo sobre questões não resolvidas sobre seu passado com sua mãe, e principalmente consigo mesma: Antes de se tornar mãe é preciso rever seu papel de filha.
 Mariana não quer repetir o que considera erros que sua mãe cometeu com ela; ao mesmo tempo, analisa e assume que grande parte desses problemas foram direta ou indiretamente gerados ou ampliados por ela mesma e as armadilhas da vida.
Mariana nos apresenta sua família, suas origens, sua infância e adolescência.
Os bons e maus momentos da família são recordados com sentimento e simplicidade. . Assim como são dissecados com maestria e profundidade fatos pequenos porém relevantes.
A narrativa é bem dinâmica e nada rebuscada, porém é elegante.
Para quem pensa que o livro teria ficado mais interessante se a narrativa se alternasse entre mãe e filha, acreditem não ficaria.
“A filha da minha mãe e eu” tem seu título absolutamente apropriado e totalmente inserido no contexto.  A  autora escolheu com coerência a filha como narradora e ficou perfeito.
Os conflitos emocionam, mas não o suficiente fazer chorar e esse é outro ponto positivo da trama que faz refletir o relacionamento entre pais e filhos. Muitas vezes VC vai se pegar divagando sobre sua vida com seus pais, a vida de seus pais com seus avós, ou até mesmo de seus amigos com seus pais.
No caso da Mariana, a competição entre ela e seu irmão pela atenção dos pais é notável, assim como, contraditoriamente, a cumplicidade entre os dois.
Sem dúvida uma das partes mais evidentes é a competição entre mãe e filha, pela atenção do pai. Mariana é mais próxima do pai, com quem possui maiores afinidades e isso deixa Helena frustrada.
Mas o mote principal do livro é  que Mariana não compreende que não adianta tentar assumir o papel de mãe de sua mãe se mostrando autossuficiente.
Tanto emocionalmente como nas  decisões práticas de sua vida ela acaba errando por não pedir ajuda em momentos difíceis.
Bem interessante é termos  a versão da mãe através de suas atitudes, história de vida, e principalmente a transformação e evolução ao longo dos anos.
Helena é complexa, forte, imprevisível, dinâmica, corajosa, poderosa.
Uma personagem muito bem construída!
A autora aborda de forma natural e branda alguns temas bem atuais como drogas, aborto, homossexualismo e sexo, transformando o livro numa interessante e dinâmica leitura reflexiva para os mais jovens.
Sobre a narrativa  quando parecia tudo muito previsível no meio de conflitos familiares e psicológicos, a autora introduziu personagens secundários, que modificaram o rumo dos fatos e conferiu ação de forma especial.
Um livro reflexivo e  interessante. Ao mesmo tempo que é profundo, também é leve em  sua apresentação por meio de inúmeros diálogos, mostrando em sua simplicidade complexas entrelinhas sobre o relacionamento familiar.
Descubra como Mariana fez as pazes com sua própria história!

Um tema atemporal em uma recomendada boa leitura.



Abraços Literários.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Sangue na Neve- Lisa Gardner

                                                                      



Sinopse - A policial Tessa Leoni matou seu marido, Brian Darby, em legítima defesa. A arma do crime está à vista de todos e os hematomas no corpo de Tessa confirmam a ocorrência. A policial também não fez questão de fugir, ou de arrumar qualquer justificativa para explicar aquele corpo estendido no chão da cozinha, portanto, aparentemente, o que a investigadora D.D.Warren tem à sua frente é o desfecho de uma briga doméstica. Um caso simples. No entanto, ao abrir o inquérito, D. D. terá uma surpresa: este não é o primeiro homicídio de Tessa Leoni e — afinal — onde está a filhinha de seis anos da policial? Será que a policial Leoni realmente atirou em seu marido para matá-lo? Uma mãe seria capaz de prejudicar intencionalmente sua filha? D. D. Warren, a experiente detetive que acredita que desvendar um caso é como mergulhar na vida do criminoso, enfrentará mais uma investigação que a levará a uma busca frenética por uma criança desaparecida enquanto tenta encaixar as peças de um mistério familiar que a levará a quebrar os muros do corporativismo policial.


Esse é o primeiro livro da autora que leio. Amo suspense, thriller policial e psicológico, por isso achei que iria gostar muito do livro, mas não imaginei que fosse gostar tanto!
Eu me apeguei ao livro!
Li de uma sentada e quando terminei fiquei triste porque já estava sentindo saudades dos personagens com os quais fiz amizade durante a leitura.
Como não se encantar com a fofa e adorável Sophie?  Como não perceber a perfeita sintonia entre D.D e Bobby? Me apaixonei pelo Brian “Bom”, quis dar uns petelecos no Shane por ter sido tão mau, simpatizei de cara com a Ennis e me emocionei demais com a Juliana.
Agora sem sombra de dúvida Tessa se tornou minha atual heroína dos livros!
Gente como torci pela Tessa e pela Sophie!
A narrativa cumpriu plenamente seu objetivo de entreter, envolver, cativar, instigar, refletir, e às vezes também, chocar.

Uma trama muito bem construída e amarrada nos mostra o dia a dia da policial Tessa Leoni, com sua filhinha de 6 anos, Sophie e seu marido, Brian Darby
A felicidade é ceifada pelo tiro que Tessa deu em seu marido. Por quê?
É nesse momento que entra em cena, a detetive D.D. Warren para solucionar o crime, desvendar os segredos, descobrir os mistérios e para solucionar o crime que num primeiro momento parece inexplicável.
A cena está toda bagunçada além de inúmeras pegadas na neve destruindo a chance de uma reconstituição clara.
A policial Tessa Leoni  se encontra em choque e parece ter levado uma surra.
À primeira vista a conclusão é a de que ela se defendeu de um marido violento.
Mas alguma coisa não se encaixa perfeitamente ali e para piorar a situação que já bem ruim, Sophie, de seis anos,  filha de Tessa,  está desaparecida.
À medida que a investigação avança D.D. começa a crer que Tessa  não é exatamente a boa moça que parece ser e que todos  fazem parecer que é. Mas onde foi parar a criança? Teria Tessa matado a própria filha? E porque a história sobre o marido morto não bate? Quanto mais D.D. investiga mais camadas vão compondo essa história. Será D.D. capaz de desvendar o crime?

A partir dessa premissa Gardner constrói uma trama repleta de possibilidades em torno de duas mulheres fortes. De um lado da narrativa temos D.D. que além de investigar enfrenta um dilema que jamais sonhou que iria enfrentar e do outro Tessa Leoni,  que matou o marido e fará de tudo para recuperar sua filha. Duas personagens extraordinárias.
Os personagens secundários são tão bons quanto as protagonistas, personagens de peso que fazem toda a diferença no enredo e estão perfeitamente inseridos num quebra- cabeça dinâmico onde cada peça tem seu lugar e nenhuma outra pode ocupá-lo!
A narrativa surpreende pela fluidez e pela riqueza, um quadro bem composto, com detalhes e informações precisas.
Uma das melhores características do conjunto de Lisa Gardner é a precisão dos detalhes que compõe o ambiente da trama, sem se tornar cansativa a leitura.
A trama conquista o leitor com uma narrativa envolvente,  talhada por personagens realistas e uma história que fará você refletir, se surpreender, torcer, buscar respostas,   Uma narrativa imprevisível, com reviravoltas, com mudanças de rumos e dúvidas.
O final pode ser previsível e até clichê levando-se em consideração o gênero, mas acreditem, esse é um pequeno detalhe que não deve ser levado em consideração.
Um mote ágil, interessantíssimo, instigante  e intrincado em uma narrativa forte e com ótima trama.
Além  de muita, muita ação mesmo, e resolução dos crimes, a trama  se desenrola como um grande quebra-cabeça.
Leitura rápida e agradável, instigante, inteligente e interessante, que se desenvolve de maneira crível.
Uma história sobre até onde o amor de uma mãe é capaz de ir, marcada por ação e uma ambientação única.

Leitura mais do que recomendada, obrigatória, para quem assim como eu, é fã do gênero thriller policial!


Abraços Literários e até a próxima.