A Caneca Literária de hoje é para VCS que assim como nós
amam os thrillers policiais/conspiratórios e aqueles personagens super bem
construídos, marcantes, inesquecíveis, com os quais fazemos amizade e depois
que o livro acaba, sentimos uma saudade imensa deles.
Nossa coluna queridinha estreia 2016 em grande estilo trazendo um dos nossos livros favoritos!
Sinopse- A ambiciosa policial Heather Kennedy está em seu
trabalho mais difícil: seus métodos de investigação são criticados e ela está
sendo assediada por colegas rancorosos porque não lhes dá atenção. Até que lhe
é atribuída o que parece ser uma investigação de rotina, sobre a morte
acidental de um professor da Faculdade Prince Regent, mas a autópsia deste caso
volta com algumas descobertas incomuns: o inquérito vincula a morte deste
professor às de outros historiadores que trabalharam juntos em um obscuro
projeto sobre um manuscrito do início da Era Cristã. Em seu escritório, Kennedy
segue com sua investigação e logo se preocupa com o rumo para onde está sendo
levada. Mas ela não está sozinha em sua apreensão. O ex-mercenário Leo Tillman
— seu futuro parceiro — também tem angustiantes informações sobre estes crimes.
E sobre a misteriosa organização mundial a que os crimes se relacionam…
Escondido entre os pergaminhos do Mar Morto, um códice mortal pretende
desvendar os segredos que envolvem a morte de Jesus Cristo. Entre um terrível
acidente de avião no deserto americano, um brutal assassinato na Universidade
de Londres e uma cidade-fantasma no México, Manuscritos do Mar Morto é o mais
emocionante thriller desde O código Da Vinci.
A policial Heather Kennedy, nossa protagonista, é daquelas
personagens principais que arrepiam a cada frase. Ela tem uma pegada diferente,
forte, ousada, autoritária, competentíssima e determinada sendo ao mesmo tempo
refém de uma sensibilidade incomum e das incertezas que rondam seu psicológico
e seu dia a dia no trabalho em campo.
Leo Tillman é um cara instigante. Sombrio, estranho,
interessante, forte, firme, determinado, misterioso, daqueles que desperta a
curiosidade só de olhar, sacaram? (quero
um Tillman para chamar de meu hehehe).
Kennedy conhece Tillman, e os dois formam uma parceria. No
início não são amigos, nem mesmo colegas. Apenas trocam informações
absolutamente necessárias onde um ajuda o outro nas investigações paralelas de
ambos até descobrirem os Manuscritos do Mar Morto, que esconde um segredo que a
humanidade não pode conhecer.
Daí VC pensa a história é batida e recontada, mais um livro
que costura as teorias da conspiração sobre a morte de Jesus e o surgimento do
cristianismo, dos muitos que surgiram na esteira de O Código da
Vinci de Dan Brown.
Mas Manuscritos do Mar Morto, do britânico Adam
Blake, apesar do título óbvio, é um bom thriller policial, desses que se
lê de um só fôlego, de uma sentada, que prende a atenção do início ao fim, recheado
de mistérios e tramas de espionagem internacional, para entreter leitores que
adoram o gênero.
O ponto de partida é um grupo de historiadores que trabalha
em documentos antigos, especificamente aqueles encontrados na década de 1940 em Nag Hammadi, no Egito,
que versam sobre gnosticismo (conjunto
de correntes filosófico-religiosas) e um suposto Evangelho de Judas. Os
pesquisadores descobrem um segredo milenar que jamais deveria vir à luz e por
isso pagam com a vida, em crimes planejados para parecerem acidentes.
É a partir daí que entram em ação os protagonistas da
história, a detetive Heather Kennedy e o ex-soldado e ex-mercenário Leo
Tillman, “uma hábil máquina de matar” que há 13 anos viaja pelo mundo em busca
de Michael Brand, o homem que ele acredita ter raptado sua mulher e os três
filhos pequenos. Os dois se unem porque Brand também parece estar
misteriosamente envolvido nas mortes dos pesquisadores.
Além da trama principal, Adam Blake, que é pseudônimo de
Mike Carey, autor consagrado da Grã-Bretanha, desenvolve ótimas tramas
paralelas, que com o avançar da narrativa se cruzam, como as investigações do xerife Webster Gayle, (um dos meus personagens favoritos) no Arizona, sobre
a queda de um avião em um pedaço de deserto sob sua jurisdição.
O autor também explora muito bem os conflitos pessoais e
familiares de seus personagens. Heather Kennedy, por exemplo, cuida do pai, um
ex-policial com Alzheimer. E por ser mulher, invejada pela competência em seu
trabalho, e lésbica, sofre assédio moral e provocações constantes dos colegas
detetives de seu departamento. Já Tillman, tem uma personalidade complexa,
obsessiva e compulsiva, além de uma
carga emocional imensa que demonstra o quanto sua alma é atormentada por uma
busca (quase) infrutífera, que é o que o mantém em contato com a realidade.
A história começa em Londres, com algumas cenas em lugares
exóticos da Europa Central e do Oriente Médio. Depois, juntando, alinhavando e
costurando as tramas paralelas com maestria, Blake transfere o epicentro da
trama para o Arizona e a Cidade do México, unindo Heather e Gayle, além da jornalista Eileen Moggs, uma personagem
coadjuvante que se mostra essencial para a investigação da detetive
inglesa.
Blake, que também é roteirista de quadrinhos, tem uma
narrativa ágil e enxuta, além de rica em detalhes, com personagens muito bem
construídos, carismáticos e “reais”.
Ele escreve de forma visual, mas não perde tempo com descrições
desnecessárias e consegue adjetivar cenários que surgem na mente do leitor como
cenas de um filme, inserindo-o na trama.
Manuscritos do Mar Morto surpreende por mostrar as
mesmas questões por um ângulo e abordagem novos.
Comparar o livro a O Código da
Vinci é um grande equívoco. Dan Brown faz questão de manter um tom
conspiratório, místico e até meio fanático nas histórias de Robert Langdon;
enquanto Blake trabalha num tom “crível” em seu thriller de conspiração e
investigações plausíveis. Não precisa ser um leitor muito atento, basta senso crítico e bagagem de referências
literárias prévias, além de bom senso, para ficar claro que os livros não se misturam.
Manuscritos do Mar Morto é um excelente livro
de suspense, ação, assassinatos, intrigas e você leitor, precisa conhecê-lo o
mais rápido possível.
Especialmente se VC curte um thriller policial conspiratório
de arrepiar.
Recomendadíssimo!
Abraços Literários e até a próxima.