Sinopse: A
história de Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), poderosa
estrategista política que arrisca sua carreira a fim de passar com
sucesso uma emenda com leis de controle de armas mais rígidas.
Como
vemos nos noticiários, os bastidores da política não devem nada à
ficção, tanto que serviram de base para histórias como House
of Cards.
Aqui
o foco é o poder do lobby sobre os políticos e suas decisões, e
até onde uma pessoa pode chegar por uma causa que acredita.
O
filme começa com Sloane em um tribunal e os flashbacks mostram como
ela foi se sentar no banco dos réus.
O
roteiro bem construído promove a ideia de um jogo viciante onde para
vencer, a protagonista deve estar sempre um passo à frente.
Dirigido
por John Madden somos apresentados ao esquema político americano já
conhecido só que através da função pouco explorada do lobby.
“Lobista
é uma pessoa que representando um grupo exerce pressão sobre
políticos e poderes públicos para, de alguma forma, levar o governo
a beneficiar a empresa que representa, através de investimentos,
financiamentos, alterações favoráveis dos regulamentos ou através
de parcerias estratégicas.
Atualmente
este sistema é ilegal no Brasil.”
Elizabeth
Sloane (Jessica Chastain), uma das mais renomadas lobistas dos
Estados Unidos é um dia abordada para apoiar a poderosa bancada do
congresso americano para a aprovação de uma lei mais branda em
relação à compra de armas. Rodolfo Schmidt (Mark Strong), chefe de
uma outra agência de lobby, ao perceber que ela é contrária a essa
lei a convida para trabalhar do lado oposto.
Ao
entrar no “jogo”, utilizando suas “armas” profissionais e
buscando realizar ambições pessoais ela começa a sofrer uma série
de ameaças.
O
filme tem uma pegada de enquadramento de câmeras, figurinos e
atuações que remete aos filmes policiais.
A
protagonista é uma mistura de personagens conhecidos das películas
de agentes secretos, sem família, sem amigos, sem namorados e sem
uma vida que não seja o trabalho.
Sloane
é uma mulher inteligente, ambiciosa, manipuladora, estrategista,
dura, sem sentimentos, sem laços, fria, mas não sociopata, com
muitas camadas e nuances de sentimentos e conflitos internos que se
deixam captar.
O
cinema tem descoberto a força das protagonistas femininas,
e Sloane é uma das mais fortes dos últimos tempos. Ela é uma
personagem que suja as mãos para obter o que quer, quebra códigos
éticos e morais, e de algum modo isto a torna ainda mais crível e
real.
Com
as no cenário político mundial, Armas na Mesa saiu com um timing
perfeito, num roteiro que foge do maniqueísmo, sem mocinhos nem
vilões, mostrando a imprevisibilidade de um jogo e uma personagem
cheia de surpresas.
A
construção narrativa explora de maneira inteligente o suspense e o
transcorrer da trama é tão bem orquestrada e com tamanha habilidade
que até o mais leigo do espectador fica a par da situação.
A
obra nos mostra o lado obscuro da política norte-americana de forma
ficcional (talvez nem tão exagerada) desde o conflito de interesses
aos escândalos de corrupção fazendo refletir sobre ética e
moral.
Um
filme iminentemente político e ousado o suficiente para tocar em uma
questão delicada, como o livre comércio de armas mostrando que o
poder de decisão, mesmo em um estado democrático, pode ser
manipulável por grupos de interesse como mídia, política, força
econômica e opinião pública.
A
história pessoal de Elizabeth Sloane é inspiradora e a atuação de
Jessica Chastain retrata visceralmente uma mulher que ascendeu em um
campo dominado por homens e que enfrenta adversários poderosos sem
receios atuando como uma força da natureza e com todas as nuances de
uma personagem complexa e ainda “humanizada”.
O
ponto de vista feminino presente como pano de fundo, concentra em uma
segunda camada ressignificados mais amplos e novos questionamentos.
Com
críticas contra a política americana atual e
contra a violência, a cartada final de Sloane além
de tudo é
contra o Congressista/Senador Ron M. Sperling (John
Lithgow),
que recebeu
propina para aceitar o caso de
Miss Sloane.
Armas
na Mesa é
um filme atual
e necessário!
Abraços
Literários e até a próxima.