"Perfeitos
Desconhecidos" dirigido por Paolo Genovese tem um enredo atual
que fala sobre como lidamos com as redes sociais e especificamente
sobre segredos que algumas pessoas guardam em seus celulares.
A película prega
que todos temos três vidas: uma pública, uma privada e
uma secreta.
Tendo como ponto
de partida a frase acompanhamos um jantar, onde se encontram sete
amigos: Eva (Kasia Smutniak), Rocco (Marco Giallini), Cosimo (Edoardo
Leo), Bianca (Alba Rohrwacher), Lele (Valerio Mastandrea), Carlotta
(Anna Foglietta) e Peppe (Giuseppe Battiston) numa noite que tinha
tudo para ser agradável: um eclipse lunar, uma farta refeição
italiana, um bom vinho e uma boa conversa.
Só que ao
conversarem sobre um amigo ausente que se divorciou devido a uma
mensagem recebida de uma amante, surge a ideia de um jogo da
verdade revisitado, onde todos deixam seus celulares na mesa para
compartilharem as mensagens e ligações que ocorrerem durante o
jantar, mostrando assim que não têm nada a esconder. Alguns
oferecem resistência, mas para não se comprometerem todos concordam
e, a partir daí, estão obrigados a lerem qualquer mensagem recebida
em voz alta e atender chamadas no viva voz.
Afinal, ninguém
tem nada a esconder. (Ou tem?) Sua vida é um livro aberto? Sua
família, parceiro e amigos, você os conhece realmente? Ou conhece
apenas o que eles tornam público, já que o nosso interior é
território que só nós adentramos?
E o que era de se
esperar acontece: a cada ligação atendida e mensagem lida, um
segredo é revelado.
O filme é um
drama com humor negro e roteiro
muitíssimo bem construído, elaborado com
ótimas tiradas, grandes sacadas, momentos
constrangedores, clima pesado e desconforto.
Com
interpretações impecáveis, diálogos ácidos e
sarcasticamente bem estruturados, narrativa ágil e muitos segredos,
o filme diverte e faz uma crítica inteligente
sobre como a tecnologia interfere nas relações, na divisão de
atenção entre o real e as interações virtuais, além de mostrar o
quão vulneráveis somos, confiando na "caixa preta", como
um dos personagens define o celular.
Tem coisas que
você não diz, não são grandes segredos, mas pequenas informações
que preferimos omitir. E o que não dizemos pode, em hipótese, dizer
mais sobre nós do que o que aquilo que tornamos público na nossa
caixa preta. Até que ponto vale a pena conhecer todos os segredos de
alguém? Se fôssemos obrigados a compartilhar absolutamente tudo,
as relações continuariam as mesmas? Até onde nossa privacidade
está protegida?
Todo filmado em
um único cenário, o que lembra uma peça de teatro, “Perfetti
Sconosciuti”, figura entre um dos melhores filmes do gênero que
assisti!
Abraços
literários e até a próxima.
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