A História de
Malikah, personagem de destaque de O Amor nos Tempos do Ouro, é o
segundo livro da duologia escrita por Marina Carvalho.
Sinopse: Malikah
conheceu muito cedo a crueldade de que o ser humano é capaz.
Escravizada e trazida ainda criança da África ao Brasil, sofreu as
mais diversas formas de violência, especialmente depois de ter
engravidado de Henrique, o filho do dono da fazenda onde trabalhava.
Estar grávida
de um de seus senhores era uma afronta aos costumes da época, por
isso Malikah foi duramente castigada e quase morta. Ela e seu
bebê só conseguiram escapar com a ajuda de Cécile e Fernão, que
lhes deram abrigo na Quinta Dona Regina, lugar onde todos, brancos e
negros, viviam em liberdade.
Porém, Henrique
arrependido por não ter protegido sua amada e tentando se aproximar
de Hasan está sempre por perto.
Será possível
perdoar alguém que representa tantos anos de injustiça e
sofrimento?
Ainda
menina, Malikah chegou à Fazenda Real, de Euclides de Andrade. Sua
mãe Adana foi ajudar nos serviços da casa-grande e Malikah ficou
com os demais escravos na senzala.
Sozinha e
desprotegida foi obrigada a encarar a realidade do jeito que era
possível e cresceu sem entender o porquê de seu povo sofrer tantos
maus tratos.
Em meio ao
sofrimento encontrou um amigo por quem anos depois se apaixonou:
Henrique, filho do dono da fazenda.
Com um filho
dessa relação Malikah conta com a ajuda de seus grandes amigos,
Cécile e Fernão, para fugir da Fazenda Real e começar uma vida
nova.
Mas mesmo após a
fuga precisa aceitar a presença de Henrique que se mostra decidido a
recuperar a confiança de sua amada e a conquistar o amor de seu
filho.
Depois de O Amor
Nos Tempos do Ouro, Marina Carvalho traz outro romance histórico
ambientado no Brasil.
Aqui nossa
protagonista é uma escrava africana que precisa de muitas palavras
para defini-la: guerreira, sábia, amiga, fiel, protetora e
inspiradora.
Uma mulher que
sofreu como muitos, mas agiu como poucos.
Mesmo com tanta
dificuldade que enfrentou, não se abateu e lutou por tudo o que
acreditava.
Ao ser
abandonada por Henrique, por uma artimanha do pai dele, Malikah só
quer dar um futuro melhor para o filhinho, Hasan. Magoada, e mesmo
ainda amando Henrique, acredita que não conseguirá aceitá-lo de
volta. Henrique por sua vez está decidido retomar o relacionamento.
Percebeu que cometeu um erro e está decidido a recuperar a confiança
de Malikah que vai viver um período dividida entre ouvir o coração
ou deixar que a mágoa prevaleça.
Além disso,
ainda tem de conviver com a sombra de um passado que insiste em
incomodar: Euclides da Cunha, seu algoz.
O Henrique por
sua vez é um personagem interessante, ele não é um mocinho
convencional, não é perfeito, errou feio, mas foi capaz de se
redimir e fazer de tudo para não perder seu amor de uma vez por
todas. Não impondo sua presença, mas demonstrando com atitudes que
não era mais um filho dominado pelo pai e que poderia fazer Malikah
feliz.
Aqui a autora
acertou a mão, nos presenteando com uma belíssima história onde
apresenta a força da mulher, as nuances de uma grande amizade, o
amor incondicional de uma mãe por seu filho e o que é preciso para
fazer prevalecer o amor.
As personagens
femininas demonstram força mesmo sendo todas as circunstâncias
desfavoráveis e todos sendo contra, e isso em uma época em que as
mulheres quase não tinham voz e as tradições favoreciam os homens.
A escrita de
Marina foi fluída e a leitura rápida proporcionou momentos
impactantes, emocionantes, envolventes e instigantes.
Nessa obra a
pesquisa histórica, ao contrário do primeiro livro, foi na medida
exata, o conhecimento das crenças e costumes do povo africano por
exemplo, foi enriquecedor abrilhantando a narrativa e tornando-a
apaixonante.
Gostei desses
romances históricos nacionais e achei importante que a autora mesmo
desenvolvendo uma temática obviamente romântica, não ignorou a
realidade da época, marcada pela pobreza, opressão e escravidão,
mas com uma escrita sensível e cativante.
Abraços
Literários e até a próxima.