Eu sou a Kirstie.
Eu sou a Lydia.
Eu sou confiante e
animada.
Eu sou pensativa e
sossegada.
Eu estou viva.
Eu estou morta.
Qual delas sou?
Sinopse- Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas
idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a
pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem
juntar os pedaços de suas vidas destroçadas.
Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles
estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo
deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie
(ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o
que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?
Ao ler o romance As
Gêmeas do Gelo, que se desenrola grande parte em uma ilha inóspita, o
leitor tem a sensação de estar ele próprio preso em uma pequena porção de terra
sendo conduzido pelo enredo.
A cada página, o autor
S.K.Tremayne ou Tom Knox (ambos pseudônimos do escritor e jornalista britânico Sean Thomas) não dá
nenhuma alternativa a não ser se deixar levar pela narrativa em primeira pessoa da protagonista, Sarah, que combina
habilmente momentos de reflexão profunda com outros de puro delírio.
Esse devaneio a acompanha nas profundezas mais obscuras de
sua alma abalada pela perda de uma das filhas gêmeas, Lydya, que morreu ao cair
de uma varanda.
Sarah tenta seguir a vida ao lado do marido, Angus (que
acaba de herdar uma ilha da avó), e da outra filha, Kirstie, de 7 anos. Até que
a menina diz que foi Kirstie quem morreu e que ela é Lydia.
Como as duas são idênticas, a mãe logo se dá conta que há
poucas evidências palpáveis que as diferenciem.
Quando o inverno chega e uma violenta tempestade deixa mãe
e filha isoladas na ilha, Sarah tem de encarar seus medos.
A história é
instigante, mas não acho que lembra A Garota no Trem a não ser pelo
fato de ser um drama/thriller psicológico, também não é exatamente incrível.
O enredo é bem construído e prende mesmo o leitor do início
até ... bom se você assim como eu é fã incondicional dos thrillers
psicológicos/suspenses então lá pela metade você já matou a
charada e descobriu o que aconteceu, porque e “o” porque do comportamento dos
três personagens do livro, embora seja incongruente.
As peças vão se encaixando milimetricamente e cada detalhe
é calculado, mas me perdoem os fãs, não é exatamente original e (pecado capital
numa obra literária) apresenta resquício de moralidade.
Por mais que seja um bom romance e não digo o contrário, é
bom mesmo, mas não senti peninha dele acabar, tipo quero desvendar o mistério,
mas não quero terminar de ler o livro.
''E foi então que ouvi o grito de uma das
minhas filhas. Aquele grito que nunca irá desaparecer. Nunca irá me deixar.
Nunca.”
Olha só o quote acima, como é possível os pais confundirem
por tanto tempo qual filha morreu no acidente?
Como em todo thriller acontecem reviravoltas, mas aqui as peças se encaixam
naturalmente, não é preciso muito esforço para decifrar o enigma.
No começo há sim uma dúvida que paira no ar, os pontos de
vista são concretos, estudados e os argumentos são bons, mas no decorrer da
narrativa o vilão não é tão vilão, a mocinha que não consegue angariar a
empatia tem seus esqueletos guardados no armário e os dramas psicológicos são óbvios
ao contrário das situações estranhas e aparentemente inusitadas.
Eu gosto de preparar o ambiente para ler um livro assim com em um ritual e se são livros de suspense ou terror leio à noite para dar criar maior envolvimento nos momentos de tensão e olha o ar misterioso desse livro não dá medinho não.
Eu gosto de preparar o ambiente para ler um livro assim com em um ritual e se são livros de suspense ou terror leio à noite para dar criar maior envolvimento nos momentos de tensão e olha o ar misterioso desse livro não dá medinho não.
''Tudo o que eu mais desejo, naquele
instante, é que Kirstie vá embora. E, talvez, Lydia também. Estou com medo das
minhas filhas, dos dois fantasmas daquela casa, dos dois fantasmas em
minha cabeça. As gêmeas do gelo, derretendo uma dentro da outra.”
Para proporcionar os dois pontos de vista da história o autor escreve em primeira
pessoa quando conhecemos a visão de Sarah, em terceira pessoa em
alguns capítulos onde acompanhamos Angus e a surpresinha final que levando em
consideração a leitura não é tão surpresa assim.
O que se passa na cabecinha dos pequenos é sempre instigante,
a confusão em seus pensamentos é perturbador, mas também é reconfortante
perceber como são espertos, inteligentes e autênticos. Em As Gêmeas do
Gelo não sabemos exatamente o que se passa na cabeça da gêmea
sobrevivente, entretanto é através dos pais que nos damos conta do que acontece
na família. Percebemos a confusão na cabeça deles e como isso influência os
pensamentos da filha.
Talvez o mote do livro não seja o suspense, mas sim sobre
casamentos que se desgastam com o tempo, a falta de confiança no parceiro, a
falta de confiança em si mesma, dúvidas em relação aos filhos, culpa por ter
mais afinidades com um filho do que com o outro, filhos que se sentem
distantes dos pais, irmãos que não sabem delinear a própria personalidade
e definir quem é o outro. Nesse sentido
o livro é muito bom, tudo tratado de maneira profunda e que o autor consegue
acrescentar temas e elementos no enredo.
Alguns acham que o final foi deixado em aberto.
Alguns acham que o final foi deixado em aberto.
A principal deixa está nas palavras da filha sobrevivente
quando acontece o acidente, mas também você encontra pistas nas imagens que estão
distribuídas pelas páginas do livro.
O final não é arrebatador nem surpreendente e talvez não pudesse
ser outro.
Se recomendo? Sim.
A leitura é acessível e instigante e como sempre digo, cada
leitor tem uma interpretação pessoal, o que um não gosta o outro pode
simplesmente amar.
Abraços Literários e até a próxima.