Sinopse: O enredo é sobre a difícil arte de crescer em um
mundo que nem sempre parece satisfeito com a nossa presença. Pelo menos é desse
jeito que as coisas têm acontecido para Jack Baker.
A Segunda Guerra Mundial
estava no fim, mas ele não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu
pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. Jack é
então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King
e boa parte de seus personagens).
O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a
indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno.
Até ele conhecer o enigmático Early Auden...
A trama do livro, um
infantojuvenil para leitores de todas as idades, é em torno desses dois personagens no fim a segunda guerra
mundial: os garotos Jack Baker e Early Auden que apesar de serem completamente
diferentes, se complementam e estabelecem uma forte ligação, ainda que eles
próprios não se dêem conta disso naquele momento.
Jack é filho de um capitão da marinha que cresceu
sob rígida influência militar e com a ausência do pai que passa a maior parte
do tempo em alto-mar.
Leitor assíduo de National Geographics é um garoto solitário,
mas curiosamente independente.
Quando acontece uma tragédia Jack é enviado à Morton Hill,
um colégio interno para garotos.
Assim que chega ao internato de Morton Hill ele precisará
conviver com as diferenças, a solidão e a exclusão; todas as coisas que os
novos garotos frequentemente atravessam ao chegar a um novo local. É lá que ele
conhece Early, o garoto que tenta conter o mar.
Do outro lado temos Early
Auden, o personagem que dá vida e forma ao livro.
Tudo o que acontece está ligado de alguma maneira a ele.
Extremamente inteligente, teimoso, cheio de imaginação e manias como selecionar
as músicas que deve ouvir em cada dia da semana: Louis Armstrong às segundas;
Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie
Holiday sempre que estiver chovendo; terça, quinta e sábado, são dias sem
músicas, a não ser que esteja chovendo.
Se fosse um personagem atual seria diagnosticado
com TEA (Transtorno do Espectro Autista), mas como na época ainda não
existia esse diagnóstico ele é considerado estranho, esquisito como é descrito
na história, por apresentar dificuldade na interação social.
Enquanto Early representa a inocência e vivacidade das
crianças, Jack tem uma característica mais adulta e descrente, porém, pleno de
amor infantil.
Dois jovenzinhos com dores e experiências
diferentes que acabam se encontrando e vivem grandes aventuras em busca de um
sentido para as teorias de Early, que envolve o número Pi e seu irmão que foi morto
durante um combate, mas que ele acredita está vivo e perdido.
Assim, eles pegam um barco e navegam embaixo
das estrelas procurando por respostas. E irão encontrar muito mais durante essa
jornada fascinante de aprendizado, perigos e
fortalecimento de uma grande amizade.
É interessante acompanhar os diálogos que os dois
protagonizam do meio do livro em diante, quando a história tem uma reviravolta.
São as corridas de barco que unem os dois em uma história
cativante.
Ajudando o amigo, Jackie se reencontra consigo
mesmo, a fim de superar um coração machucado e marcado por perda e rejeição.
Em paralelo, há outra história, que complementa
e faz referência a história dos dois garotos. Os matemáticos, físicos e
apaixonados pelas ciências exatas vão adorar essa parte: a autora costurou a
trama dos garotos à história de Pi, o número que intriga a humanidade há séculos.
Um número racional, eterno e não repetitivo que em seus dígitos possui uma
história a ser contada.
Durante a cruzada de Jackie e Early, vulcões em erupção,
piratas e ursos enormes atravessam as páginas.
A fantasia brinca com a imaginação do leitor promovendo um
olhar de memória afetiva aos tempos de criança.
Poucas vezes um título fez tanto jus a sua história.
Uma fábula contemporânea repleta de
significados.
Tudo no livro é fluido e delicado.
A narração em primeira pessoa mostrou-se acertada, esta
ferramenta quando bem utilizada aproxima o leitor dos personagens; faz ver a
história com o olhar do protagonista criando um vínculo, tornando tudo próximo
e real.
Um livro que fala de relacionamento pai e filho, de
amizade, esperança e inocência. Uma narrativa detalhada, sem ser cansativa, e
ao mesmo tempo cativante e criativa.
A edição é linda, todas as ilustrações têm relação com o
enredo e as páginas são aquelas queridinhas amarelas que conferem conforto
visual.
Recomendadíssimo.
Abraços Literários e até a próxima.