Ano
Novo: 12 capítulos com 365 folhas em branco para vocês escreverem o
que quiserem!
Saúde,
paz, amor, sucesso, amizade, prosperidade, respeito, tolerância, fé,
esperança e finais felizes <3
Feliz
Ano Todo para todos e vamos ao primeiro post de 2018 \0/
Das relações
entre os moradores na pequena cidade onde a história começa até o
mundo aristocrático e de aparências da capital, Entre
Irmãs, baseado no livro de
2009, A
Costureira e o Cangaceiro, de
Frances de
Pontes
Peebles,
encanta
pelas suas
personagens enquanto expõe inúmeras nuances do ambiente que as
cercam, especialmente no que diz respeito às relações de poder.
Nesse
romance enraizado no estado de Pernambuco, que segue a vida de duas
irmãs, muito conectadas desde pequenas, mas com objetivos de vida
completamente diferentes, conhecemos a romântica Emília que
sonha se casar com um príncipe encantado e se mudar para a capital e
Luzia, que quando criança sofre uma queda eque a deixa com
uma deficiência em um dos braços, é pragmática e acredita na
liberdade do sertão onde vive. Criadas para serem costureiras, o
destino faz com que cada uma siga caminhos completamente diferentes.
Apesar
de lutas, conquistas e derrocadas, as duas irmãs separadas pela
distância e pelas escolhas, sempre cultivaram uma mesma certeza:
sabiam que só podiam contar uma com a outra.
Ao
longo da narrativa aprendemos sobre o Brasil, a política regional e
a oligarquia brasileira. Acompanhamos não só a vida de duas
mulheres fortes e corajosas, mas também os caminhos do país
compreendendo a duplicidade das vidas urbana e do sertão com a
precisão de detalhes dados de forma interessante sobre o período
específico e reconstituição histórica incrível baseada nos
trajes de época que marcam a vida das costureiras.
Entre
Irmãs, de Breno Silveira (2 Filhos de Francisco, À
Beira do Caminho e Gonzaga: De Pai pra Filho) atesta mais uma vez
a capacidade do cineasta em conduzir belas histórias
do interior do Brasil.
No
filme estrelado por Marjorie Estiano (Emília) e Nanda Costa
(Luzia), no Brasil da década de 30, duas irmãs são separadas
pelo destino e enquanto uma delas passa a viver em meio a alta
sociedade da capital, a outra se junta a um grupo de cangaceiros no
interior.
Das
excelentes atuações das protagonistas e também de Letícia Colin
(Lindalva), Júlio Machado (Carcará) e Rômulo Estrela (Degas), e
com uma ambientação perfeita da época, o filme aproveita a
turbulenta atmosfera política daquele momento e de figuras
conhecidas da história do país para traçar um paralelo com
inúmeras questões que continuam a ser debatidas (ainda) nos
dias de hoje.
O
uso de montagem paralela, alternando os núcleos
narrativos entre a vida de Emília na capital e Luzia junto ao
bando de Carcará no interior funciona de maneira efetiva e
concede a trama um bom ritmo.
Sem
esse recurso, 2h40 se tornariam cansativos, algo que definitivamente
não ocorre, embora tenha funcionado mutitíssimoooooooo melhor na
minissérie.
Genuinamente
brasileiro, o filme se reconecta com figuras da história e
mesmo que a narrativa que se passe na década de 30 do século
passado apresenta temas atuais para o país e é assustador que
algumas questões ainda estejam em discussão hoje.
A
adaptação caminha por segmentos bastante discutidos, como
homossexualidade, preconceito, feminismo e machismo.
Temos
a impressão de que Emília viverá um conto de fadas enquanto Luzia
viverá um pesadelo, mas não acontece assim, Emília se dá conta de
que nem todos os sonhos se tornam realidade e ao se casar com Degas,
percebe que a vida na capital não é fácil para uma moça vinda do
sertão, uma vez que o preconceito e o machismo falam mais
altos. Príncipe encantado? Nada disso.
Por outro lado, ainda que a vida de Luzia não seja um conto de fadas, a garota se sente
livre lutando pelo sertão que tanto ama e ela que nunca sonhou com
o amor conquista um “príncipe” singular.
Embora
durante parte da
narrativa haja
uma carência
de conflitos imediatos ,
o ritmo, os
contrastes, os paralelos, as diferenças e particularidades dos
personagens e as atuações têm força para manter a cadência,
prender a atenção, emocionar e ainda segue conosco muito tempo
depois de ter acabado.
2h40 ou 600 páginas podem parecer exagerado, mas acreditem é essencial!
Uma
bela história que ganha contornos poéticos,
femininos e intimistas com voz narrativa forte e sedutora e
personagens complexos nem um pouco estereotipados.
Maravilhoso!
Abraços
Literários e até a próxima.