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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Estive em Lisboa e lembrei de você- Livro e Filme


                                                                             


Sinopse- Luiz Ruffato, lugar de destaque na moderna narrativa brasileira, opera em Estive em Lisboa e lembrei de você um pequeno milagre narrativo, criando uma história ao mesmo tempo densa e veloz a partir das marcas linguísticas presentes na fala de seu personagem-narrador.
Na primeira parte da história, transcorrida no Brasil, acompanhamos Serginho em um malfadado casamento na sequência de uma gravidez indesejada. A partir daí casamento, emprego e a própria vontade de viver entram em perigoso colapso.
Até que alguém saca a panaceia redentora: Portugal. Lá, corre a lenda, é possível um trabalhador dedicado recompor a vida e fazer um belo pé de meia antes de retornar à terra natal. É hora, pois, de Serginho dar as costas à sua Cataguases, cortada pelo rio Pomba, em cujas águas o autor parece ter se inspirado para construir uma prosa de fluxo forte intercalado por rápidos e iluminadores flashbacks.
Livríneo da série Amores Expressos, da Companhia das Letras, que reúne histórias de amor vividas em diferentes cidades do mundo, Estive em Lisboa e lembrei de você conta a história de um homem simples que deixa o interior da Minas Gerais para tentar a vida em Lisboa.
Na obra a história é boa, mas a maneira que o autor Luiz Ruffato escolheu para a narrativa, sem respeitar a pontuação, torna a leitura um pouco cansativa.
                                                                                  


na adaptação a narrativa é apaixonante!
Uma coprodução entre Brasil e Portugal, o filme com direção de José Barahona, mais que uma adaptação é uma interpretação com elementos poéticos que unem as duas cidades e as histórias de maneira bastante interessante, respeitando e guardando aspectos de origem do documentarista.
Dividido entre as partes brasileira (essa mais curtinha onde o protagonista conhece, se apaixona e se casa no melhor estilo macarrão instantâneo, e se separa) e portuguesa (essa muitíssimo bem realizada e conduzida) tratando da realidade de milhares de brasileiros que deixam o país sem planejamento, acreditando em uma suposta vida mais fácil e próspera no exterior, mas que acabam se deparando com situações semelhantes às que viviam.
Assim nosso protagonista Serginho se torna um número na lista de imigrantes e vivencia a realidade dos estrangeiros.
São essas histórias que se cruzam na luta do dia a dia que faz com que tenhamos dimensão da falta que faz um lar para chamar de seu.
Ambas cidades nos proporcionam paisagens encantadoras e vale muito a pena a maneira sensível e reflexiva com o qual o mote faz as considerações sobre o sonho do sucesso lá fora que pode não se realizar.
E quer saber???? Tudo bem se não acontecer!

Abraços Literários e até a próxima.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Máquinas Mortais


                                                                               


Sinopse- Neste mundo criado por Philip Reeve, a Terra está destruída, o mundo virou um descampado, a tecnologia foi praticamente extinta e todos os esforços humanos se voltaram para um único objetivo: fazer suas cidades sobreviverem.
Para isso, elas precisam se mover em grandes rodas gigantes, as chamadas Cidades-Tração, e lutarem umas com as outras para conseguirem recursos naturais.
Londres é uma grande cidade que está sempre em busca de outras para se alimentar, como dita o Darwinismo: metrópoles consomem cidades menores, que consomem vilas, assim como as vilas comem vilarejos e vilarejos pegam pequenos assentamentos.
Quando Londres se envolve em um ataque à uma cidadezinha, Hester Shaw, uma menina com uma cicatriz no rosto, tenta matar Thaddeus Valentine, o maior arqueólogo da metrópole que é salvo por Tom Natsworthy, um historiador aprendiz.
Hester e Tom são lançados para fora de Londres e agora no vasto Campo de Caça, sem proteção, os dois precisam unir forças para sobreviver em um caminho cheio de saqueadores, piratas e outras Cidades-Tração. Além disso, ao que tudo indica a metrópole está planejando um ato desumano, envolvendo uma arma que pode dar fim ao pouco que restou do planeta.

                                                                                 


Máquinas Mortais não é original, mas ressignifica o pós-apocalíptico.
Aqui as pessoas buscam sobreviver num futuro imaginado (e sucumbido) em cidades que se movimentam.
Máquinas gigantes sobre rodas, que abrigam diversos níveis sociais, administrativos, militares e culturais, verticalizados, que devoram cidades menores para aumentarem suas riqueza e capacidade de sobrevivência.
                
                                                             


Em termos de imaginação o filme foi mais competente em apresentar essas cidades-tração.

O casal de protagonistas, Tom e Hester, são órfãos que sofrem as consequências da ganância (e de pertencerem a uma classe humilde).
Tom poderia ser facilmente incluído no esteriótipo do politicamente correto, mas ele surpreende indo de garoto sonhador à sobrevivente, aprendendo a ver os mundos estático e de tração, com outros olhos conforme a trama vai se desenrolando e é nítido seu amadurecimento. Compreende que as histórias têm muitas verdades, que são muitos os pontos de vista e que sua relação com Londres talvez estivesse do lado errado do game.

Hester Shaw é uma figura misteriosa e solitária envolta em desejo de vingança que não almeja nada além de matar Valentine, o homem que arruinou sua vida. A história deles foi bem inserida na trama e os motivos que guiaram ambos a fazerem o que fizeram são convincentes; o motivo se torna parte do arco da personagem e seu desenvolvimento é uma das peças principais da narrativa, é o tipo de arco que dá emoção à trama, muito além de apenas fugir e correr - como Tom e ela precisam fazer.

Valentine, é um cientista que faz a descoberta da sua vida e comete o erro de não perceber o quanto isso é nocivo, é um vilão com camadas multifacetadas que carrega toda uma crueldade inerente ao personagem.

Katherine, filha de Valentine, é uma garota que não tem nada a questionar sobre a vida e sobre seu pai - até que começa a questionar tudo numa surpreendente evolução de personagem frágil e delicada aos grandes momentos de coragem.
                                                                             


Adoráveis os personagens secundários Anna Fang (Flor do Vento) e o assassino ressuscitado Shrike que abrilhantaram a narrativa enriquecendo a trama central e servindo de suporte para o desenvolvimento da história em momentos de maior tensão.

Máquinas Mortais é uma ótima pedida se você gosta de aventura, ação, suspense, perseguições, boas tramas paralelas e reviravoltas.
Tudo isso sem compromisso com finais felizes e sem estereótipos onde ninguém é só mocinho ou só vilão.
Com final redondinho dentro da proposta, mais do que uma velha distopia é um sci-fi, pós-apocalíptico e steampunk reflexivo sobre a natureza humana que vale muito a pena uma conferida.

Super recomendo.

Abraços Literários e até a próxima.


quarta-feira, 31 de julho de 2019

O Primeiro Homem- Os 50 anos da chegada do homem à Lua


                                                                           

No dia 20 de julho foram celebrados os 50 anos da chegada do homem à Lua e perpetuada a frase do astronauta Neil Armstrong:
Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade.”
                                                                               
                                                                              


O longa, baseado na biografia A Vida de Neil Armstrong, do autor James R. Hansen, que conta a história por trás de um dos eventos mais importantes e conhecidos do século XX, o primeiro passo do homem na Lua, começa mostrando Neil Armstrong como piloto de testes da Aeronáutica Americana e a tragédia pessoal com a morte da filhinha de 2 anos na época em que a NASA estava recrutando pilotos para a tão sonhada ida à Lua em plena Guerra Fria.
Então somos inseridos de maneira realística na película e passamos a acompanhar dois cenários distintos e intimamente interligados da vida de Armstrong: enquanto o lado pessoal entra em declínio, com a tragédia que se abateu sobre a família, as dificuldades de comunicação e nenhuma superação, acompanhamos também a ascensão profissional, na qual ele se dedicava completamente à carreira, mostrando todo o percurso para levar o astronauta ao momento épico contado pelo diretor Damien Chazelle.
Damien, ganhador do Oscar de melhor diretor por La La Land onde trabalhou com o protagonista Ryan Gosling, conhecido pelo uso de recursos visuais interessantes e que caprichou na utilização das cores fazendo todo o processo de recrutamento de pilotos e testes mostrada em luz azul e fria relacionando-a ao racional, e as cenas mostradas em luzes alaranjadas e quentes focando no emocional e transmitindo os sentimentos.
Durante nove anos acompanhamos Armstrong interpretado pelo lindooooooo Gosling que foi criticado pela pouca expressividade e rigidez emprestadas ao astronauta.
Aqui cabe uma observação, Armstrong tinha fama de ser retraído, contido e muitíssimo discreto, então é claro, óbvio e lógico que Ryan coube perfeitamente no papel, massssssss para mim, se ele entrasse mudo e saísse calado do filme já teria super valido a pena <3!
A parte técnica obviamente não decepciona: fotografia, trilha e efeitos sonoros são altamente eficazes num contexto histórico muito bem executado e elenco inspirado.
                                                                                


Destaque para o alinhamento feito com maestria na cena contemplativa e intimista do lindíssimo resgate do drama de Armstrong homenageando a filha que havia morrido.

Eu amei muito o filme e super recomendo.

Beijos literários e até a próxima.


quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O Boneco de Neve (Harry Hole #7)- Livro e Filme


                                                                             


Sinopse- No dia da primeira neve do ano, na fria cidade de Oslo, o inspetor Harry Hole se depara com um psicopata cruel, que cria suas próprias regras. O terror se espalha pela cidade, pois um boneco de neve no jardim pode ser um aviso de que haverá uma próxima vítima. No caso mais desafiador da sua carreira, Hole se envolve em uma trama complexa e mortal, com final surpreendente. 


                                                                             


O Boneco de Neve, aclamado livro do autor Jo Nesbø, lançado em 2007 - sétimo volume na série Harry Hole - apresenta um thriller de investigação criminal envolvendo o famoso detetive na caça de um serial killer que sempre aparece quando cai o primeiro floco de neve.
Muitos disseram ser necessária a leitura dos livros anteriores da franquia.
Sinceramente não acho que faça diferença para entender o perfil dos envolvidos na trama e não há dificuldade em acompanhar a narrativa..
Apesar de ser o sétimo volume da série, pode ser lido como único por tratar de um caso isolado.
Na obra acompanhamos o detetive anti-heroi, sombrio, alcoólatra, atormentado, marcado por perdas e erros que provocaram traumas, mas inteligente e justo.
Excelente no que faz é obsessivo, racional e intuitivo na medida exata, além de ser tratado como lenda no centro de investigações.

                                                                                


Todos os personagens são suspeitos em algum momento!
A trama é sinistra e bem orquestrada. Nós conhecemos o killer na infância, mas não sabemos quem ele se tornou quando adulto.
Os bonecos de neve são mensagens, e decifrá-las é o maior desafio enfrentando pelos investigadores.
Jo Nesbø é detalhista na descrição das cenas do crime e também ao traçar o perfil de seus personagens.
Os capítulos são pequenos e a mudança constantes dos cenários, situação e espaço de tempo promove ainda mais suspense.
É o tipo de história que constrói um clima de tensão durante a investigação e de repente te apresenta novas possibilidades e teorias, as pistas já não parecem tão verídicas e novos fatos são colocados em jogo, personagens irrelevantes crescem, isso sem falar nos sustos e a sensação de "como eu não vi isso antes?”.
Destaque para os personagens secundários de Katrine Bratt, que divide ótimos momentos de interação com o protagonista; Rakel, um antigo caso de Harry; Arve Støp e Gunnar Hagen que são essenciais para o desenvolvimento da trama.

Não é o tipo de livro que dá pra deixar de lado, guardar na mochila ou esquecer na gaveta.
Precisa estar ao alcance das mãos prontinho para ser lido em qualquer oportunidade.
O autor soube entregar uma obra completa que vai agradar os fãs do gênero e siiiiiim mereceu todo o hype que teve.


                                                                              


O longa baseado no livro de mesmo nome acompanha o detetive Harry Hole (Michael Fassbender) e suas investigações sobre as ações de um serial killer que deixa um boneco de neve sempre que faz uma nova vítima.
O filme acerta ao instigar a dúvida sobre a identidade do assassino, proporcionando pistas falsas sobre vários personagens e causando aquela sensação que sentimos ao assistir um bom suspense e achamos que descobrimos a solução do mistério, mas acabamos nos surpreendendo.
Apesar de problemas de bastidores como um longa feito às pressas pelo diretor Tomas Alfredson, errinhos no roteiro (e edição) e alguns enganos nas atuações, não houve grandes danos colaterais.
Pra quem gosta do gênero é uma ótima oportunidade de conferir a obra de Jo Nesbø e se encantar com belas cenas de neve filmadas na Noruega.


Abraços Literários e até a próxima.



sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Cujo- Livro e Filme


                                                                            


Sinopse- Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda, já que o espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet todas as noites. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.

                                                                              


Na obra companhamos a história de duas famílias: Trenton e Camber que se encontram de maneira trágica e Stephen King aborda com sutileza temas como relacionamento familiar, violência doméstica e abusos entregando uma surpreendente trama que seduz desde as primeiras páginas.
Vic, Donna e Tad Trenton se mudaram para o Castle Rock, no Maine.
Vic está passando por uma crise no trabalho. Donna, cansada de se sentir sozinha o tempo todo, começa um caso com um restaurador de móveis da cidade e Tad é um garotinho de 4 anos que vê em seu armário um monstro horrível, mas seus pais têm mais com que se preocuparem do que com monstros.
Cujo é o cão de Brett Camber, filho de Charity e Joe, um dócil São Bernardo que depois de ser mordido por um morcego se transforma num monstro com sede de sangue.
A família Trenton o conhece quando Vic leva o carro para consertar com Joe que é mecânico.

Cujo é diversas vezes descrito como um sucessor espiritual de Frank Dodd, um assassino em série.
Passamos boa parte da leitura com dúvidas sobre a origem da fúria do cão: se é de natureza biológica ou sobrenatural?
Se Frank Dodd era o culpado pela raiva de Cujo?
Ele era o responsável pela atmosfera opressiva e sombria da cidade, resultado do medo que ainda existia dentro dos moradores de Castle Rock.
King aliás nunca decepciona ao escrever sobre o medo, as várias camadas de seus personagens, a profundidade dos sentimentos e vulnerabilidade das relações.

O terror desse livro é cheio de desencontros e ironias tornando-o ainda mais assustador.
Os acontecimentos que levam ao clímax são tão naturais que ficamos presos ao livro e ansiosos para saber como tudo vai acontecer.
O livro não é dividido em capítulos, mas apesar de contínua, a escrita é fluida e fácil de acompanhar.
Confesso que tinha receio de ler “Cujo”, pois sou ultrassensível a qualquer sofrimento animal.
E o autor ainda resolve escrever alguns trechos com os sentimentos e pensamentos de Cujo o que acaba de vez com nossa resistência emocional.
Se você é como eu, não tenha medo. O livro não contém crueldade com animais.
De qualquer maneira como chorar virou meu nome do meio é claro que desidratei.
                                                                     



A trama inserida no filme é praticamente a mesma do livro, como um roteiro.
Lançado em 1983, o filme Cujo,  com direção de Lewis Teague,  tem Dee Wallace como Donna Trenton e Billy Jayne como Brett Camber.


Abraços Literários e até a próxima.


domingo, 30 de setembro de 2018

O Colecionador- Livro e Filme


                                                                              


Sinopse- “O Colecionador”, 1963, que inspirou o filme homônimo de 1965, é o romance de estreia de John Fowles e narra a história de Frederick Clegg, um funcionário público que coleciona borboletas e, quando subitamente, se torna dono de uma fortuna planeja sequestrar Miranda, seu amor platônico.
A trama se desenvolve com a disformidade da personalidade de Clegg, que tem a seu favor a superioridade de força, contra a vitalidade e inteligência de Miranda que, confunde e ofusca o sequestrador.

Fowles que se inspirou em autores existencialistas como Sartre e Albert Camus, surpreendeu os leitores dos anos 1960 com um thriller que faz uso de elementos filosóficos inovando o gênero suspense tornando a obra um ícone do século XX.

São dois os protagonistas e temos dois pontos de vista: o do sequestrador e o da vítima.
Frederick Clegg, “o colecionador”, um homem tímido e com complexo de inferioridade que é fascinado por colecionar borboletas, e também por Miranda. Ele a segue todos os dias, conhece seus horários, os lugares que frequenta, sabe quem são seus amigos, onde mora e tudo sobre sua família. Muitas vezes passa por ela fingindo ler um jornal.
Sua imprevisibilidade desperta a curiosidade do leitor e surpreende, apesar de suas tentativas em racionalizar sua condição de sociopata já que ele aceita como corretas suas ações.
Miranda Grey é uma jovem estudante de artes
que sonha ser pintora e acabou de ganhar uma bolsa na prestigiada Escola de Arte Slade.

Certo dia a vida de Clegg muda completamente. Após receber uma fortuna ele planeja “capturar o espécime” que faltava em sua coleção. Então sequestra a jovem e a aprisiona no porão de sua casa. Ele quer demonstrar seu “amor” por ela e quer ser correspondido.
Obviamente o sequestro em si é o primeiro de uma série de obstáculos à reciprocidade desejada por ele.
Enclausurada a moça vive como “mais uma” de suas borboletas, sob o olhar de seu "dono", que apenas a alimenta. O contato físico entre eles ocorre apenas em função das tentativas de fuga dela, quando Clegg a subjuga pela força.
É uma situação sem saída, se ela o rejeita ele se sente ferido, se ela cede aos seus pedidos ele entende como fingimento e falsa aceitação. Nada que Miranda faça o satisfará.
Imaturo, sua relação desenvolvida é a de posse (a coleção de borboletas) e ele não percebe a destruição que provoca ao ser amado.

É uma leitura difícil, detalhada e claustrofóbica onde sentimos muito medo por ser uma temática infelizmente, atemporal.

                                                                              


Sobre a edição da DarkSide a capa é dura, o projeto gráfico lindo com pintura trilateral, miolo em papel pólen soft e boa diagramação. Tem prefácio escrito por Stephen King e um posfácio contendo explicações sobre referências artísticas e literárias que o leitor encontra ao longo da leitura.

                                                                               

O filme "O Colecionador" de 1965 tem direção de Willian Wyler, Terence Stamp como Clegg/Freddy/Franklin e Samanta Eeggar como Miranda.


                                                                           

O final, praguinhas e pestinhas, vou deixar em branco é só selecionar combinado?
Masssss se olharem com atenção esse banner não é difícil adivinhar :(

Spoiler Miranda adoece e morre.
Morta torna-se um objeto: não há mais essência à admirar, então Clegg parte em busca de um novo "exemplar". Fim do Spoiler.



Abraços Literários e até a próxima.


terça-feira, 31 de julho de 2018

Blade Runner 2049-


                                                                                


Talvez você nunca tenha lido um livro de Philip K. Dick, mas certamente conhece alguma de suas obras. Filmes como O vingador do futuroO homem duplo e Minority Report: A Nova Lei, entre outros saíram das páginas de seus livros.

Assim como o cult  Blade Runner: O Caçador de Androides, de 1982, dirigido por Ridley Scott e inspirado na obra “Androides sonham com ovelhas elétricas?” que conta a história de Rick Deckard, um caçador de recompensas que, em uma sociedade distópica, coberta por poeira radioativa e devastada por uma guerra atômica, sonha em substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal de verdade – sonho de consumo que vai além de sua condição financeira. Ele vê a chance de realizar esse desejo ao ser chamado para um novo trabalho: perseguir e aposentar androides que estão refugiados.

                                                                                


Em homenagem ao aniversário deste clássico sci-fi, que completa 50 anos em 2018, e aproveitando a hype da continuação Blade Runner 2049, depois de 35 anos, a editora Aleph preparou uma edição comemorativa com capa dura, encartes coloridos e extras para enriquecer a leitura. A ideia foi desenvolver um novo olhar sobre a história, recriando uma estética que vai além da difundida pelo filme, abordando questões sobre a natureza da vida, da tecnologia e da própria condição humana. O livro em comparação com filme apresenta aspectos da obra não explorados no cinema, como a preocupação ambiental, além das questões religiosas presentes no texto.
Ao longo de sua vida e de sua carreira, Dick nunca deixou de suspeitar do mundo a sua volta, em aparência e em essência.

                                                                                


Androides sonham com ovelhas elétricas?” é uma obra que questiona a condição humana, a verdadeira natureza da realidade e como podemos definir o que é humano.
                                                                                
Em Blade Runner, O Caçador de Andróides, que teve lançamento em 25/12/1982, no século 21, uma corporação desenvolve clones humanos para serem usados como escravos em colônias fora da Terra, identificados como replicantes. Em 2019, um ex-policial é acionado para caçar um grupo fugitivo vivendo disfarçado em Los Angeles.


Em Blade Runner 2049, lançado em 05/10/2017, após descobrir um segredo enterrado há muito tempo, que ameaça a sociedade, um novo policial embarca na busca de Rick Deckard, que está desaparecido há 30 anos.
Com direção de Dennis Villeneuve (do excelente A Chegada com resenha que vocês conferem aqui) é um estudo no mesmo universo, só que 30 anos após os acontecimentos do original, em que a humanidade está novamente ameaçada, e dessa vez o perigo é ainda maior.
O oficial K (Ryan Goslin(dooooooooooooo)g, desenterrou (literalmente) um segredo com potencial para imergir a sociedade no caos.

                                                                             


A descoberta faz com que ele parta numa incessante busca por Rick Deckard (Harrison Ford), desaparecido nos 35 anos que separam as sequências.
Aliás nesses anos que separam o original de sua sequência, foram produzidas muitas distopias, cyberpunk e sci-fi, mas nenhuma (até aqui) com o estilo tão específico imaginado por Ridley Scott láááá atrás.

O roteiro de uma profundidade que eleva o blockbuster ao status cult não precisou fazer uma releitura do mundo no qual a história está inserida e apresenta com bastante propriedade reflexões sobre as relações homem/máquina e como será possível no futuro distingui-los.
Os detalhes do filme permitem que o público interprete como preferir (apesar do óbvio das sociedades escravocratas) já que tudo é sutil.
O roteiro contém conceitos filosóficos suficientes para nenhum spoiler estragar, (a cena final é de uma delicadeza, poetice e sensibilidade absurdamente cativantes), mas ao terminar o longa você vai sentir o choque da realidade e perceber que não estamos tãooooo longe assim da opressão que é retratada nele.
Blade Runner 2049 propõe indagações sobre a natureza da própria alma!
Imperdível.

Abraços Literários e até a próxima.


sábado, 21 de abril de 2018

Jogador nº 1- Livro e filme


                                                                             
  


Sinopse - Cinco estranhos e uma coisa em comum: uma caça ao tesouro.
Achar as pistas nesta guerra definirá o destino da humanidade. Em um futuro não muito distante, as pessoas abriram mão da vida real para viver em uma plataforma virtual chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas pelo criador do programa e quem achá-las herdará uma fortuna. Como a maior parte da humanidade, o jovem Wade Watts escapa de sua miséria em Oasis. Mas ter achado a primeira pista para o tesouro deixou sua vida bastante complicada. De repente, o mundo inteiro acompanha seus passos, e outros competidores se juntam à caçada. Só ele sabe onde encontrar as outras pistas: filmes, séries e músicas de uma época que o mundo era um bom lugar para viver. Para Wade, o que resta é vencer – pois esta é a única chance de sobrevivência.

A história se passa em 2044, e como na maioria dos filmes futuristas, a Terra entrou em colapso com guerras, recursos naturais esgotados, cidades destruídas, grande parte da população com fome e medo num cenário onde reina o caos.
Wade Owen Watts é um jovem órfão de 18 anos que vive em um dos parques de trailers espalhados pela cidade, num cenário desolador onde crimes são cometidos sem punição aos infratores.
Contudo, existe o Oasis, plataforma de jogo online que simula um mundo diferente.
Idealizado por James Halliday, esse universo paralelo proporciona aos seus jogadores uma vida virtual em um mundo onde todos trabalham, estudam e é possível ir onde desejar, inclusive outros planetas longe da destruição da Terra.
E isso era suficiente para que Wade escapasse da sua cruel realidade, até a morte de Halliday e o lançamento de um desafio para todos os jogadores do Oasis: encontrar três chaves, atravessar três portais, pegar o ovo dourado e ser o herdeiro da fortuna deixada por ele.
Milhões de “caça-ovos” partem numa busca desenfreada e nosso protagonista, que vive a maior parte do seu tempo buscando informações para solucionar enigmas que possam levá-lo ao prêmio final.

                                                                                
                                                                              
Os demais personagens são bem construídos, e aos poucos Art3mis, Aech Daito e Shoto ganham importância na narrativa.
E como nem só de mocinhos vive a história, temos também o vilão Sorrento, um homem sem escrúpulos capaz de qualquer coisa para alcançar seu objetivo.

E em meio a referências ao Dungeons & Dragons, John Hughes, Ultraman, Atari, Rush, e tudo o mais (o livro é repleto de referências a jogos, filmes, HQ, músicas e cultura da década de 80) que fez da década de 80 uma queridinha – Wade se dá conta que será preciso mais que vontade para se tornar o jogador nº 1.
Jogador Nº 1 é um livro que mescla os gêneros distópico, fantasia e sci-fi.
A leitura é rápida e fluída, e a escrita audaciosa do autor é viciante.
Geeks, nerds, gamers e apaixonados pelos anos 80, esse livro é para vocês!

                                                                               
                                                                           


Estreou no dia 30/03, a adaptação de Steven Spielberg baseada no livro de Ernest Cline, que inclusive faz menções a ele em sua obra. 
O diretor evitou a autorreferência, mas reverencia o cinema na figura do diretor Stanley Kubrick, com cenários do Hotel Overlook, de O Iluminado, referências ao Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado, de John Hughes, bem como uma menção a Robert Zemeckis, de De Volta Para o Futuro, tendo o seu sobrenome vinculado a um cubo, que tem como função uma volta no tempo, que auxilia Wade (tye Sheridan) num difícil momento de sua jornada.
Familiarizado a esse tipo de narrativa, Spielberg faz da nostalgia a sua aliada e exibe uma sutil crítica aos viciados por games cuja percepção dos personagens sobre viver uma existência virtual e se desconectarem da realidade é parte do processo reflexivo do longa.

Abraços Literários e até a próxima.



sexta-feira, 23 de março de 2018

Extraordinário- Livro e filme


                                                                             


TBR, abreviação de To Be Read, que é a nossa Lista Para Ler. Para dar cabo daqueles livros acumulados nas prateleiras esperando para serem lidos e que vão sendo sistematicamente deixados para o finalzinho da lista ou abandonados e ter a oportunidade não só de variar de gênero (siiiiiiiiim ultimamente só tenho lido thrillers policiais, psicológicos, investigativos, suspense e terror rsrs), mas de gostar de romance, drama, aventura, ação, chick-lit e hots.

Hoje é a vez de “Extraordinário” que praticamente dispensa apresentações. Em algum momento você já ouviu falar do garotinho Auggie Pullman que nasceu com uma deformidade facial e que pela primeira vez frequentará uma escola como qualquer criança de sua idade. De J.R.Palacio a história tem uma legião de fãs e faz parte da leva de obras que tratam o início da adolescência com questões mais sérias.
Recebi o livro há uns quatro anos e não sei porque não li. Talvez porque achei que fosse sobre “doença”. Não é!

                                                                            

                                                                                
O filme é dirigido por Stephen Chbosky (As vantagens de ser invisível) que também é responsável pelo roteiro. Há uma identificação imediata e uma relação de empatia que mistura mensagem edificante e processo de amadurecimento do protagonista, mas o mais interessante é que não é didático nem apelativo, não há exploração da doença, o grande acerto aqui é o compartilhamento de sentimentos comuns. O afeto entre obra e público não está relacionado a condição física do personagem, não há estereótipo e sim a humanização, afetividade, imaginação e humor numa combinação levinha (que faz chorar de mansinho em alguns momentos)
Mais interessante ainda é ter outros pontos de vista em sincronicidade. Estratégia narrativa que funciona bem, já que todo fato ganha força quando vista por outros pontos de interpretação. Além disso, evidencia que essa fase não é complicada apenas para Auggie que tem sua diferença estampada na face, mas também para sua irmã Via, para a amiga Miranda, o melhor amigo JackWill ... num belíssimo mosaico de vidas.
Elenco alinhado, começando pelo talentoso Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) que demonstra seu carisma saindo-se muito bem, assim como todo o elenco infantil;  Julia Roberts que num jogo de olhares vive as preocupações de todas as mães que sabem não poderem ser onipresentes; a irmã Via, interpretada por Izabela Vidovic, melancólica adolescente construída com sutileza em arcos mais complexos. Aliás, todos os personagens secundários estão perfeitamente inseridos e alinhados com extraordinária qualidade, com o perdão do trocadilho.
Um roteiro que foge do retrato simples da criança com suas diferenças enfrentando um mundo hostil, e que poderia facinho ser um clichê sobre bullying ou um drama pesaroso, mas apesar das frases de efeito e dos finais felizes, traz em uma estrutura como capítulos de livro, uma boa e realista composição dos novos adolescentes com virtudes e problemas comuns e inerentes a essa geração se tornando uma obra interessante e reflexiva que vale a pena ser conferida.

Abraços Literários e até a próxima.




sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Cine Clube #33: Dunkirk

                                                                                     


Dunkirk retrata a evacuação de soldados ingleses de uma zona cercada por alemães na Segunda Guerra Mundial, enaltecendo três diferentes formas de sobreviver a essa batalha específica que garantiu a vida de muitos soldados. É um filme de guerra por excelência, mas sem o tom crítico.
Já faz algum tempo que Nolan vem sendo apontado como um dos autores do industrial cinema americano (produção em escala), sendo comparado (com algum exagero) a Kubrick e Spielberg. Longe da exaltação é necessário entender como o cineasta pensa Dunkirk e do que é constituído esse cinema de Nolan que transborda nesse longa.
Se Nolan remete aos filmes do final da década de 40, Dunkirk é um longa baseado em preceitos básicos do cinema. Em um primeiro momento, a obra parece destituir o cinema do diretor, filmes eloquentes, pretensiosos e complexos. Aqui, até mesmo em sua duração, o projeto se apresenta como uma obra mais concisa que busca ser direta nas ideias que apresenta.
É um filme sobre esforços, sobre como a sobrevivência é uma guerra diária, inglória e sem nenhuma arma. O filme traz homens despidos de qualquer esperança que apenas podem resistir. Nesse jogo, todos os trajetos e atalhos são permitidos, a missão não é por um país ou objetivo e sim por se manter humano, seja lá o que isso signifique.

                                                                                      


É abordada a questão na guerra como uma luta incessante, num movimento insistente contra a morte, os personagens praticamente não possuem nomes, são soldados tentando sair do local.
Como em qualquer filme de guerra, aqui não se trata de uma filosofia ou psicologia, mas de tensão e do ritmo frenético da fuga. Dunkirk assume a máxima do cinema narrativo que consiste na participação do público cujo objetivo é j fazer com que o espectador experimente o que é estar encurralado no local.
Essa identificação é o plot do filme colocando a audiência nos convés dos navios, nos cockpits dos aviões e nas caminhadas na praia encurralada.
Para que isso seja alcançado são utilizados três elementos cinematográficos básicos: a montagem paralela, a música e a fotografia. A primeira colocando lado a lado três histórias que ocorrem quase ao mesmo tempo e que sempre estão num mesmo ponto narrativo – se uma está no clímax, a outra também estará. A montagem paralela é a base do filme isso acontece mostrando um controle absoluto da narrativa, unindo períodos de tempo diferente em uma mesma linha narrativa – a trajetória de um personagem é de uma semana, a do outro um dia e do terceiro de apenas uma hora, mas fazem com que haja um tempo único em Dunkirk. O segundo ponto traz a música como forma de conduzir seu espectador a uma tensão crescente. E o terceiro, a fotografia, aqui entra como um elemento que transforma toda ação em algo extremamente realista colocando suas câmeras acopladas nos atores e máquinas.
Nolan tem obsessão pela singularidade e uma leitura em que Dunkirk seria o estilo do diretor de maneira simplista é equivocada. Há sempre, nesses três pontos, uma motivação em se distanciar do “mais do mesmo”.
Ás vezes nas frases simples e na gramática básica do cinema gênero é dito muito sem dizer quase nada.
Quer mais motivos para assistir??????
                                                                     


É um filme de guerra diferente de qualquer outro que vocês já tenham assistido, tem Kenneth Branagh, Harry Stiles (éééééé o do One Direction) e Tom Hardy, dá para arriscar a estatueta do Oscar na direção/roteiro de Nolan e trilha sonora de Hans Zimmer e tem best-seller recém-lançado pela Harper Collins.
Sinopse do livro : Em 1940, no porto francês da cidade de Dunkirk, 300 mil tropas Aliadas foram salvas da destruição pelas mãos da Alemanha Nazista em uma extraordinária evacuação pelo mar. Esta é a história de soldados, marinheiros, pilotos e civis envolvidos no resgate de 90 dias que se tornou uma lenda. Agora, a história que o primeiro-ministro britânico Winston Churchill descreveu como um “milagre” é narrada pelo autor best-seller Joshua Levine, incluindo entrevistas com veteranos e sobreviventes. Contada do ponto de vista de quem estava na terra, no ar e no mar, o livro “Dunkirk” é um relato dramático da derrota que levou à vitória da guerra e preservou a liberdade de gerações por vir.

Recomendadíssimo.
Abraços Literários e até a próxima.




segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Minissérie- Entre Irmãs

                                                                                      


Ano Novo: 12 capítulos com 365 folhas em branco para vocês escreverem o que quiserem!
Saúde, paz, amor, sucesso, amizade, prosperidade, respeito, tolerância, fé, esperança e finais felizes <3
Feliz Ano Todo para todos e vamos ao primeiro post de 2018 \0/

                                                                               

Das relações entre os moradores na pequena cidade onde a história começa até o mundo aristocrático e de aparências da capital, Entre Irmãs, baseado no livro de 2009, A Costureira e o Cangaceiro, de Frances de Pontes Peebles, encanta pelas suas personagens enquanto expõe inúmeras nuances do ambiente que as cercam, especialmente no que diz respeito às relações de poder.
                                                                                     


Nesse romance enraizado no estado de Pernambuco, que segue a vida de duas irmãs, muito conectadas desde pequenas, mas com objetivos de vida completamente diferentes, conhecemos a romântica Emília que sonha se casar com um príncipe encantado e se mudar para a capital e Luzia, que quando criança sofre uma queda eque a deixa com uma deficiência em um dos braços, é pragmática e acredita na liberdade do sertão onde vive. Criadas para serem costureiras, o destino faz com que cada uma siga caminhos completamente diferentes.
Apesar de lutas, conquistas e derrocadas, as duas irmãs separadas pela distância e pelas escolhas, sempre cultivaram uma mesma certeza: sabiam que só podiam contar uma com a outra.
                                                                               

Ao longo da narrativa aprendemos sobre o Brasil, a política regional e a oligarquia brasileira. Acompanhamos não só a vida de duas mulheres fortes e corajosas, mas também os caminhos do país compreendendo a duplicidade das vidas urbana e do sertão com a precisão de detalhes dados de forma interessante sobre o período específico e reconstituição histórica incrível baseada nos trajes de época que marcam a vida das costureiras.

                                                                          


Entre Irmãs, de Breno Silveira (2 Filhos de Francisco, À Beira do Caminho e Gonzaga: De Pai pra Filho) atesta mais uma vez a capacidade do cineasta em conduzir belas histórias do interior do Brasil.
No filme estrelado por Marjorie Estiano (Emília) e Nanda Costa (Luzia), no Brasil da década de 30, duas irmãs são separadas pelo destino e enquanto uma delas passa a viver em meio a alta sociedade da capital, a outra se junta a um grupo de cangaceiros no interior.
Das excelentes atuações das protagonistas e também de Letícia Colin (Lindalva), Júlio Machado (Carcará) e Rômulo Estrela (Degas), e com uma ambientação perfeita da época, o filme aproveita a turbulenta atmosfera política daquele momento e de figuras conhecidas da história do país para traçar um paralelo com inúmeras questões que continuam a ser debatidas (ainda) nos dias de hoje.
O uso de montagem paralela, alternando os núcleos narrativos entre a vida de Emília na capital e Luzia junto ao bando de Carcará no interior funciona de maneira efetiva e concede a trama um bom ritmo.
Sem esse recurso, 2h40 se tornariam cansativos, algo que definitivamente não ocorre, embora tenha funcionado mutitíssimoooooooo melhor na minissérie.
Genuinamente brasileiro, o filme se reconecta com figuras da história e mesmo que a narrativa que se passe na década de 30 do século passado apresenta temas atuais para o país e é assustador que algumas questões ainda estejam em discussão hoje.
A adaptação caminha por segmentos bastante discutidos, como homossexualidade, preconceito, feminismo e machismo.
Temos a impressão de que Emília viverá um conto de fadas enquanto Luzia viverá um pesadelo, mas não acontece assim, Emília se dá conta de que nem todos os sonhos se tornam realidade e ao se casar com Degas, percebe que a vida na capital não é fácil para uma moça vinda do sertão, uma vez que o preconceito e o machismo falam mais altos. Príncipe encantado? Nada disso.
Por outro lado, ainda que a vida de Luzia não seja um conto de fadas, a garota se sente livre lutando pelo sertão que tanto ama e ela que nunca sonhou com o amor conquista um “príncipe” singular.
Embora durante parte da narrativa haja uma carência de conflitos imediatos , o ritmo, os contrastes, os paralelos, as diferenças e particularidades dos personagens e as atuações têm força para manter a cadência, prender a atenção, emocionar e ainda segue conosco muito tempo depois de ter acabado.

2h40 ou 600 páginas podem parecer exagerado, mas acreditem é essencial!
Uma bela história que ganha contornos poéticos, femininos e intimistas com voz narrativa forte e sedutora e personagens complexos nem um pouco estereotipados.
Maravilhoso!


Abraços Literários e até a próxima.