Sinopse: Quando Jacob morre atropelado em uma rua de
Bristol, Inglaterra, depois de ter soltado a mão da mãe em um dia chuvoso, o
motorista do carro que o atinge acelera e foge. Desvendar sua morte vira um
caso para o detetive Ray Stevens e seus colegas, Kate e Stumpy. Jenna,
assombrada pela morte do menino, abandona tudo e se muda para uma pequena
cidade costeira do País de Gales. Ela passa os dias em seu chalé tentando
esquecer as lembranças do terrível acidente e aos poucos começa a ter algo
parecido com uma vida normal e vislumbrar a felicidade em seu futuro. Mas o
passado vai alcançá-la, e as consequências serão devastadoras.
Mesclando suspense, investigação policial e thriller
psicológico, Clare Mackintosh disseca a mente de seus personagens enquanto tece
inesperadas conexões entre eles.
Amooooo thriller psicológico e esse com traços de suspense
investigativo, o livro de estreia da inglesa Clare Mackintosh foi uma
das surpresas positivas desse ano.
Deixei Você Ir mostra quanta capacidade de nos surpreender
esse gênero ainda guarda.
A história tem início com o atropelamento do garoto Jacob ao atravessar a rua de casa quando voltava da escola com sua mãe.
A história tem início com o atropelamento do garoto Jacob ao atravessar a rua de casa quando voltava da escola com sua mãe.
O motorista que o atingiu foge do local sem prestar
socorro, deixando o menino morto nos braços da mãe.
Misto de drama com romance policial, a obra tem uma
primeira parte sem muita ação focada em apresentar o atropelamento do garoto e
como essa tragédia afeta a vida de diversas pessoas, a trama se divide para acompanhar duas delas: Jenna, que se muda
após a morte do garoto com a intenção de se livrar das lembranças e recomeçar a
vida após o terrível acidente; e Ray,
o detetive encarregado de encontrar o motorista que fugiu do local sem prestar
socorro e o dia a dia com sua equipe no Depto de Investigação Criminal tentando
solucionar o caso que não tem pistas nem testemunhas.
Ray é um detetive dedicado que vive dificuldades
investigativas, institucionais e familiares.
Jenna é a mulher que luta para recomeçar uma vida
estraçalhada, mas o passado virá ao seu encontro mostrando que a saída pode não
ser assim tão simples.
De cara gostei da capa, siiiiiim sou dessas
vcs bem sabem, mais até do que o plot.
O livro tem um começo meio parado descrevendo detalhadamente
os sentimentos atuais dos personagens Ray e Jenna.
Os capítulos iniciais são divididos entre a visão dos dois, sendo a parte dele em 3° pessoa e a dela em 1° pessoa.
Os capítulos iniciais são divididos entre a visão dos dois, sendo a parte dele em 3° pessoa e a dela em 1° pessoa.
Temas delicados são bem explorados em um drama que serve de
entrada para desviar a atenção, até que,
mais ou menos na metade do livro começa a segunda parte ...
Você vai perceber que o atropelamento da criança é apenas a
ponta do iceberg em uma história muito mais complexa, com uma grande carga emocional e psicológica.
Capítulos alternados entre passado e futuro também contribuem para criar expectativa e aumentar a ansiedade do leitor.
A guinada para o thriller acontece em uma frase, assim sem mais nem menos no meio de uma cena descobrimos que nem tudo é o que foi mostrado até então.
Capítulos alternados entre passado e futuro também contribuem para criar expectativa e aumentar a ansiedade do leitor.
A guinada para o thriller acontece em uma frase, assim sem mais nem menos no meio de uma cena descobrimos que nem tudo é o que foi mostrado até então.
Em cima de um único detalhe, explorado desde o começo da
história, mas praticamente imperceptível, Clare Machintosh confere um novo
ritmo para a obra.
Então você mergulha em uma história sombria,
com suspense e ação tornando tudo eletrizante como se, de repente, a narrativa tocasse
num fio desencapado.
Ritmo esse que se mantém até os últimos segredos serem
revelados.
A história sofre um twist plot surpreendente
e temos a inclusão de capítulos em primeira pessoa de um novo, inesperado e
detestável personagem.
Raiva, revolta, indignação, empatia, compaixão, são
sentimentos que passam a brigar por espaço durante a leitura e você não tem
saída senão ler sem parar até o final.
A reviravolta coloca a história inteira sob
outra perspectiva, por isso saber o que acontece anula o livro inteiro
transformando a leitura em uma outra experiência.
Então praguinhas e pestinhas se forem ler
o livro não leiam o spoiler combinado?????
Do contrário é só selecionar o texto em branco :p
Jenna passa a primeira metade do livro se sentindo culpada.
Jacob morreu e ela não consegue lidar com isso.
O leitor sabe que a mãe de Jacob não segurou a mão dele ao
atravessar a rua e que ela se sente culpada pelo atropelamento. A autora nos
induz a acreditar que Jenna é a mãe de Jacob. Ela não é a mãe do garoto.
Mas então por que ela se sente tão culpada e precisa
reaprender a viver? Porque a polícia descobre que o carro que atropelou o
menino é de Jenna e a prende.
Ela assume a responsabilidade.
Jenna não é uma vilã, ela é uma boa pessoa que fez más
escolhas e tomou decisões ainda piores.
Na segunda metade do livro um novo personagem é inserido.
Ian era o marido abusivo e violento de Jenna. Ele narra o relacionamento dos
dois desde que se conheceram.
É inacreditável ver
fatos horríveis pelos olhos de uma pessoa que acha isso normal.
Então entendemos por que Jenna se isolou numa cabana no
meio do nada e por que ela tem medo de tudo. Ian é violento e está atrás dela.
Só aí o livro ganha ares de thriller e a essa altura o tema central da história
é a violência doméstica e não as consequências do atropelamento do menino
Jacob.
O único senão é que foi Ian atropelou Jacob enquanto Jenna
estava no banco do passageiro. Mais uma das vilanias e maldades inomináveis
dele. Mas ela assume a culpa, sozinha, pois acha que alguém precisa pagar pelo
sofrimento da mãe de Jacob.
Entendo que a vítima de violência doméstica pode não
conseguir delatar seu agressor por medo, mas não acho certo que Jenna tenha
deixado um homem com a índole de Ian escapar impune.
Ex-policial do Departamento de Investigação Criminal da
Inglaterra, Clare Mackintosh coloca sua experiência em letras abrangendo de
forma detalhada e real as atitudes dos personagens e o resultado é exemplar.
Indicado para todos aqueles que gostam deste
estilo de suspense que trabalha o lado psicológico com a visão de
vários personagens simultaneamente, como "Garota Exemplar, "Lugares
Escuros", "A Garota no Trem" e "Em Águas Sombrias".
"Deixei Você Ir" é uma excelente escolha.
Abraços Literários e até a próxima.