Vencedor de seis estatuetas no Oscar desse
ano (atriz, diretor, canção original, trilha sonora, design de produção e
fotografia), La La Land –
Cantando Estações, chegou inclusive a ser anunciado como o melhor filme na
cerimônia de premiação, em um dos momentos mais constrangedores da história do
cinema, já que o vencedor da categoria foi Moonlight – Sob a Luz do Luar.
O musical conta a história de Mia (Emma
Stone), uma barista aspirante a atriz que busca fama em Los Angeles , “a cidade
das estrelas”, e Sebastian (Ryan
Gosling), um pianista que sonha com que as pessoas tenham pelo jazz a mesma paixão arrebatadora do passado.
Quando eles se encontram suas vidas ganham mais poesia e
brilho, no entanto, no momento em que decidem sair em busca dos seus sonhos, o
romance dá espaço aos dramas da vida real.
Que dizer desse filme?
Como já disse anteriormente eu tenho uma “coisa” com
livros/filmes “modinha”, só leio/assisto depois que todo mundo já o fez, porque
parece que as pessoas estão em um ringue de luta livre, de um lado os que
amaram e do outro, os que odiaram (e não necessariamente respeitando as
opiniões contrárias).
Teve gente até que saiu da sala nos primeiros 15 minutos
dizendo que o filme era monótono.
Eu, particularmente, não sou fã de musicais,
então no comecinho senti siiiiim dificuldade em me concentrar .
Mas, por volta dos
27 minutos, La La Land
mostra a que veio.
Não é tipo Os Miseráveis, está mais para Moulin Rouge –
Amor em Vermelho e é aí que a coisa muda de figura!
Na primeira cena, onde Mia e Sebastian se encontram pela
primeira vez, temos algo "parecido" com um Flash Mob em um congestionamento,
deixando entrever a narrativa de visual
colorido e direção diferenciada.
Não são poucos os momentos em
que La La Land lembra os filmes antigos.
No letreiro usado para apresentar as estações, nas roupas
das dançarinas, na forma como se iniciam/encerram as cenas, nas músicas (com
destaque ao jazz, tema do roteiro), na linda fotografia, na iluminação (sempre
que um personagem está em destaque cantando, dançando ou tocando um
instrumento, tudo ao redor fica escuro).
Também tem o momento em que eles “dançam nas estrelas” –
uma referência a Moulin Rouge, quando Seb dá um giro num poste – Dançando
na Chuva, e quando Mia e as amigas se vestem – Grease.
Gostei do romance entre Mia e Sebastian
e como ele foi desenvolvido. O diretor conseguiu
captar os sentimentos de cada momento vivido pelos personagens de Gosling e
Stone.
É um bom filme. Não é à toa que foi tão elogiado pela
crítica, que levou 7 Globos de Ouro (batendo recorde de filme com mais Globos
de Ouro) e teve 14 indicações ao Oscar
sendo o filme que mais angariou estatuetas (6) em 2017.
Se o enredo parece raso é porque é necessário
ler nas entrelinhas para perceber o que há de complexo no roteiro.
Não se trata só de uma história de amor.
Mais que isso, se trata de uma “história” – que
fala sobre a colisão entre o que você espera da sua vida profissional e o que
você espera da sua vida pessoal, e como é possível (se é que é) por em
concordância esses aspectos. Através da
conexão entre os dois personagens centrais e as mudanças das estações, percebemos pouco a
pouco o tamanho e o peso de nossas
escolhas.
Com um final que expõe um futuro imaginário
em meio a possibilidades, La La Land mostra que é
possível resgatar a essência dos musicais Hollywoodianos, mesmo sem reinventar
o gênero, por meio de referências e estruturação de elementos técnicos.
Apaixonado, mas bastante contido, e envolto em melancolia em
seus momentos finais, mas seus prazeres são tantos e tão convincentes que você
sairá do cinema exaltando o cinema e o jazz.
Mais do que um musical, um filme sobre música, e mais do
que um filme sobre sonhos, promove a reflexão sobre nossas escolhas.
Vale siiiiiim muito a pena conferir!
Abraços Literários e até a próxima.