Sinopse: A
história acompanha um final de semana na vida de Chris (Daniel
Kaluuya), um jovem afro-americano que visita a propriedade da família
de sua namorada. A princípio, Chris vê o comportamento
exageradamente hospitaleiro da família como uma tentativa
desajeitada de lidar com a relação inter-racial da filha, mas, no
decorrer da trama, uma série de descobertas perturbadoras o levam a
uma verdade que ele nunca poderia imaginar.
Aproveitando
que Corra! foi indicado à 4 estatuetas do Oscar, as
salas de cinema do Brasil trouxeram um dos mais aclamados filmes de
2017 de volta ao circuito nacional.
Portanto,
se você ainda não conferiu a obra de Jordan Peele, esta é sua
chance para entender por que ele fez tanto sucesso entre o público e
a crítica no ano passado, cravando impressionantes
99% no site Rotten Tomatoes (agregador
de críticas de cinema e televisão).
O thriller social
de Peele, primeiro cineasta negro a ser indicado ao Oscar de
Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Filme, nos apresenta um
jovem casal, inter-racial, Chris e Rose, apaixonados, que vão passar
o fim de semana na casa dos pais dela para que eles conheçam seu
namorado.
Já
vimos muitas vezes essa história, em que o namorado vai conhecer a
família da namorada, causando constrangimentos e gargalhadas, mas em
Corra as situações “engraçadas” passam batido, alcançam o
drama, flertam com o suspense, se apaixonam pela crítica social e
são alçados ao status de terror!
Chris
é muito bem recebido por Dean e Missy, os simpáticos pais de Rose e
eleitores de Obama que fazem questão de deixá-lo à vontade. Lá
ele conhece também os empregados da casa, aparentemente, felizes.
Chris
está sempre em contato com seu amigo Rod, responsável por tiradas
sarcásticas durante a narrativa, que avisa para ele não ir à casa
de pessoas brancas. E assim começa a saga de Chris.
Corra é
um dos filmes inter-raciais mais envolventes já feitos, é uma
película de detalhes, que se conste muito bem construídos e
costurados além de atuações convincentes.
O
elenco bem seguro tem como destaque o novato Daniel
Kaluuya, fazendo
o assustado Chris.
Allison Williams, a
Marnie da série da HBO Girls, faz
Rose, a namorada apaixonada de Chris. Catherine
Keener, interpreta
a mãe de Rose, personagem cheia de nuances e camadas. Lil
Rey Howery é
Rod, o amigo descolado de Chris com quem ele mantém contato durante
todo o filme e responsável pelas tiradas sarcásticas durante a
narrativa, e a ótima Betty
Gabriel que faz
a empregada Georgina, com sua presença enigmática e sinistramente
apavorante.
O
diretor Jordan
Peele,
em seu primeiro filme, e sua câmera com enquadramentos ágeis e
inteligentes, faz toda a diferença nesse clima de estranhamento e
suspense altamente voláteis. Ele tem perfeito domínio do que
realiza e entrega cenas memoráveis, como o da sessão de hipnose com
a colherzinha de prata tilintando na xícara e
a cena envolvendo o protagonista e a empregada doméstica, a proximidade da câmera na mulher te dá arrepios!
a cena envolvendo o protagonista e a empregada doméstica, a proximidade da câmera na mulher te dá arrepios!
Na
trilha sonora, a primeira faixa, intitulada Sikiliza
Kwa Wahenga –
que,
no idioma suaíli, significa “Escute os Seus Ancestrais” -, e
contém em sua letra a mensagem “Algo ruim vai acontecer. Corra”.
De acordo com o diretor, essas palavras já representariam por si só,
um aviso direto a Chris.
O
som causa arrepio, a trilha sonora proporciona medo e o som do
violino angustia em suas notas. O barulho do vento, a porta que se
fecha, o freio de um carro, cada efeito sonoro é também um
personagem do longa.
O
diretor não renova o cinema, mas conduz com maestria, em seu
primeiro filme, uma perspicácia de contar uma boa história
distribuindo pistas permitindo que o espectador crie sua própria
teoria sobre o segredo e as intenções da família de Rose, tudo num
timing perfeito e principalmente evita jump-scares (quando
num filme de suspense ou terror a gente pula do sofá quando do nada
surge o vilão ou por causa de um corte rápido) e soluções
fáceis.
Um
filme cuja maior qualidade talvez seja o timing perfeito – não é
nem curto demais, para te deixar com cara de ué acabou?, nem muito
longo para te dar sono: cravados 1h44 tudo o que precisa acontecer,
acontece.
Ahhhhhhhh
joga na internet o final alternativo do filme; após
exibições-testes, o público rejeitou o desfecho e o diretor
conseguiu um orçamento para refilmar, lacrou!
O
filme arrecadou US$ 206 milhões em todo o mundo contra seu
baixíssimo orçamento de US$ 4,5 milhões.
Não assistiu ????
Não assistiu ????
Então
está esperando o quê???
Corra!
Abraços
Literários e até a próxima.