Essa releitura do clássico “Victor Frankenstein” novamente mexe com o mito da criação e o
imaginário dos fãs, só que, agora, a criatura assume uma posição periférica na
trama.
A narrativa é centrada em Igor, assistente do
Dr. Victor Frankenstein.
Daniel Radcliffe (o eterno Harry Potter) interpretou Igor e
o Dr. Victor Frankenstein é interpretado por James McAvoy (o jovem Charles
Xavier de “X-Men”).
A trama começa (e termina) com voice over, aquela voz feita
para os espectadores, fora do mundo das imagens, caso do protagonista que narra
sua própria história.
Igor vivia num circo, era corcunda e trabalhava como
palhaço, sendo explorado pelos donos do local, conhecendo do mundo humilhação e
sofrimento. Apaixonado pela trapezista, Lorelei (interpretada por Jessica Brown
Findlay) que sofreu um acidente e foi salva por ele que possuía excelentes
conhecimentos e grande talento para anatomia. Nesse acidente, ele conhece
Victor Frankenstein, que o tira do circo, “cura” sua corcunda e proporciona uma
vida nova ao ex-palhaço.
No transcorrer da trama Igor percebe que Frankenstein tem
um projeto ambicioso: trazer os mortos de volta à vida e, para isso trabalha
determinado em apresentar à ciência uma criatura feita a partir de pedaços de
corpos de animais mortos.
Victor considerado um excêntrico e obsessivo cientista
enfrenta a ira do inspetor Turpin (interpretado por Andrew Scott) que investiga
o caso e tenta de qualquer maneira detê-lo.
Essa nova leitura de Frankenstein traz alguns elementos
interessantes como
James McAvoy, que fez um perturbado Victor Frankenstein, e
Daniel Radcliffe, que vive um angustiado Igor, mas ficou à sombra de McAvoy.
Outro que se destacou foi Andrew Scott, em uma interpretação contida, mas com explosão
emocional no momento certo.
Na história destaca-se o ateísmo declarado de Frankenstein
que vê a crença como uma visão limitada do intelecto contra a religiosidade
fanática do inspetor Turpin que vê as pretensões de Victor como blasfêmias. A
morte rondava os dois personagens e cada um reagia a ela da sua maneira
específica, de acordo com suas convicções.
O desfecho do filme foi alterado, ficando em aberto dando
margem a novas perspectivas.
Dois dos pontos negativos do filme foram o pouco espaço
dado à criatura e algumas finalizações psicológicas inconsistentes.
Destaque para as boas atuações, a narrativa fluída,
excelente arte visual passeando entre horror e ficção, e ótima direção de Paul
McGuigan diretor de alguns dos melhores episódios da série Sherlock.
No final das contas podemos dizer que Igor sim, é a “criação” de
Victor.
Recomendo se VC gosta do monstro e de películas reflexivas uma
vez que os temas abordados estão no centro das preocupações literárias e
filosóficas da época, mas continuam atuais 200 anos depois: o progresso
científico descontrolado, a relação entre a tecnologia e a biologia, a solidão
e os mistérios da psicologia humana.
Aí mora sua
transcendência.
Abraços Literários e até a próxima.