Ao longo da história muitas foram as catástrofes, de causas
naturais ou intencionais e algumas resultados de erro e negligência. Quando
pensamos em acidentes nucleares, um dos que
permaneceu na lembrança, pela magnitude e efeitos até hoje impingidos aos
bielorrussos, ucranianos e russos, foi o de Tchernóbil.
No dia 26 de abril de 1986 ocorreram uma série de explosões
na usina nuclear de Tchernóbil, localizada em Prípiat, na Ucrânia, próximo à
fronteira da Bielorrússia, então parte
da União Soviética. O acidente lançou grandes quantidades de partículas
radioativas na atmosfera da URSS e de boa parte da Europa, transformando
Prípiat em uma cidade fantasma, matando milhares de pessoas, plantas e animais.
O livro foge aos padrões de contar uma história com começo
meio e fim. Também não segue o padrão de contar biografias, mas sim de contar
na visão dos impactados o que eles viveram após o acidente.
"Vozes de Tchernóbil", da jornalista
bielorrussa Svetlana Aleksiévitch vencedora do prêmio Nobel de Literatura 2015, traz relatos de ex-trabalhadores
da central, soldados, cientistas, médicos, viúvas, evacuados, residentes
ilegais em zonas proibidas e várias pessoas que sobreviveram ao maior acidente
nuclear de toda a história.
Muito mais do que discorrer sobre os efeitos físicos da
radiação, a obra retrata a vida da população local após o trágico incidente,
cujos resultados físicos e emocionais foram como o envenenamento da própria
alma.
São muitos os pontos de vista e questionamentos que nos
permitem refletir sobre diversos ângulos, inclusive a cultura e mentalidade do
povo de um regime totalitário e patriotismo pontuado, e compreender porque os
resultados foram ainda piores do que poderiam ter sido. Sobre causas e
conseqüências, onde ninguém sabe quem é o culpado, e cujo número de vítimas
continua incerto até hoje, quase 32 anos depois da tragédia.
As pessoas repetem que foi pior que a guerra, já que ninguém
estava preparado para o que aconteceu, não recebiam informações, tudo era
omitido ou então diminuída a importância do fato, os trabalhadores não tinham equipamentos
de proteção adequados e se tinham não entendiam a necessidade de usar.
É evidente o trabalho que Svetlana teve ao
longo dos anos para juntar os relatos e a maestria com que os alinhavou de
forma a criar uma linha temporal e emocional coesa. Há relatos
emocionantes como o da esposa do bombeiro que trabalhou tentando apagar o
incêndio inicial na usina, sem maior proteção da que a usual e que se tornou
uma das primeiras vítimas da tragédia. O do esvaziamento sem pressa e pouco
efetivo das zonas atingidas; da família que optou por deixar a zona da guerra
para morar na terra abandonada de Tchernóbil, o trabalho dos “liquidadores”, como
ficaram conhecidos os homens que foram encarregados de minimizar as
conseqüências do acidente lidando diretamente com a radiação, à qual nem mesmo
os robôs resistiam, dos pilotos dos
helicópteros e dos mergulhadores que se ‘voluntariaram’ para impedir que o
desastre fosse maior, descrições dos extermínios dos animais domésticos, e há o
relato de Svetlana sobre sua experiência dos acontecimentos e como fiel
depositária das muitas vozes que hoje já estão caladas para sempre.
O livro pode ser considerado literatura (ela
ganhou o Nobel de Literatura em 2015)?
A própria Svetlana respondeu em seu discurso durante a entrega do Prêmio Nobel (adicionado à edição brasileira):
“Ouvi mais de uma vez e ainda ouço que isso não é literatura, que é documento. Mas o que é literatura hoje? Quem pode responder? Vivemos mais rápido que antes. O conteúdo rompe a forma. Ele quebra e modifica. Tudo extravasa das margens: a música, a pintura e, no documento, a palavra escapa aos limites do documento. Não há fronteiras entre o fato e a ficção, um transborda sobre o outro.”
A própria Svetlana respondeu em seu discurso durante a entrega do Prêmio Nobel (adicionado à edição brasileira):
“Ouvi mais de uma vez e ainda ouço que isso não é literatura, que é documento. Mas o que é literatura hoje? Quem pode responder? Vivemos mais rápido que antes. O conteúdo rompe a forma. Ele quebra e modifica. Tudo extravasa das margens: a música, a pintura e, no documento, a palavra escapa aos limites do documento. Não há fronteiras entre o fato e a ficção, um transborda sobre o outro.”
O livro representa um texto jornalístico sem dúvida, mas é pleno de literatura.
É daqueles livros que escancaram a fragilidade humana e o
sofrimento, expõe o egoísmo e o preconceito, mas também traz à tona a força e a
resiliência de um povo.
É uma leitura cruel, sofrida e angustiante, e um alerta
sobre o uso da energia atômica, mas é também um livro reflexivo que emociona e faz compreender melhor
sobre o nosso tempo.
É uma leitura de imersão para absorver todas as
informações.
É preciso “ler” para “ouvir” as vozes de Tchernóbil.
Recomendado para quem quer se aventurar na não-ficção já que a realidade causa
sim muito desconforto, mas deixa transparecer resiliência, humanismo e
esperança.
Abraços Literários e
até a próxima.
Embora possa ser desconfortável devemos sempre ter vontade de conhecer a história do nosso mundo.
ResponderExcluirBeijinho
http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/
tenho um livro dessa autora aqui a ler. quase peguei ontem pq terminei o q estou lendo, mas escolhi um da alice munro. beijos, pedrita
ResponderExcluirOlha... já gostei. Eu sempre curto muito ver filmes desse tipo, mas livro nunca que saberia que tinha.
ResponderExcluirGostei mesmo.
Bjim...
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Amei seu post Luli, ainda não conhecia essa autora e fiquei super curiosa. Além disso, nunca li nenhum livro com história assim! ❤
ResponderExcluirwww.kailagarcia.com
Deve ser bem interessante esse livro. Lembro que estudei na época de escola.
ResponderExcluirbig beijos
www.luluonthesky.com
Gostei muito da resenha literária e não conhecia essa autora.
ResponderExcluirUm beijo,
www.purestyle.com.br
Literatura ou não, a leitura deve ser bem interessante, já que fala de um fato histórico muito triste.
ResponderExcluirBeijos/Xoxo.
Anete Oliveira
Blog Coisitas e Coisinhas
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Oi Luli!
ResponderExcluirEu não consigo ler enredos assim, com essa temática forte. Me faz mal. Quando leio algo sobre a Segunda Guerra Mundial eu sofro, mesmo que seja romanceado. Mas, deve ser um livro incrível!
Parabéns pela resenha, minha amiga!
Beijoooo 💖💖💖
Oi Luli, bt!
ExcluirNão é minha leitura preferida, mas acho que todos deveriam ler p/entender o que foi a tragédia de Tchernobil. Triste? Sim, mas real!
Bjsss amiga
Realmente uns dos desastre que não sai da memória do mundo é o do Tchernóbil, esse livro conta tudo, é bastante interessante, conta os fatos que não sai da memória, Luli bjs.
ResponderExcluirhttp://www.lucimarmoreira.com/
Hello, minha linda Luli!
ResponderExcluirÉ um livro que mexe com os sentimentos por ser real e não ficção. Uma tragédia chocante e triste, não tem como esquecer.
Tenha uma semana cheia de coisas boas junto a sua família!
Bjoos no seu lindo ♥
É uma leitura bem intensa, impossivel não se emocionar
ResponderExcluirBeijos!
EsmaltadasdaPatyDomingues
eu considero uma literatura por falar de um fato histórico, apesar de não ter lido nada muito aprofundado sobre a história verídica, adorei a recomendação, ótima resenha bjs
ResponderExcluirTaynara Mello
www.indicarlivros.com
Fiquei super interessada nesse livro Luli.
ResponderExcluirValeu pela dica.
Boa quarta sua linda !!
PS: Adoro ler teus comentários no meu Blog, obrigada por estar sempre lá ;)
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Pra quem nasceu na década de 80 como eu, sem dúvidas cresceu com o medo da Guerra Fria. Acho super interessante a ideia do livro, é um capítulo triste da história mundial, que nunca podemos esquecer. Tenha um dia abençoado, beijos!
ResponderExcluirBlog Paisagem de Janela
http://paisagemdejanela.blogspot.com.br
Oi, Luli!
ResponderExcluirAquele desodorante foi um achado pra mim! ;)
Vou dar uma olhada na loja. Achei o máximo aquela capinha!
Independentemente de ser ou não literatura, parece ser um livro extremamente forte e impactante! Não sei se leria agora, porque estou vivendo um momento meu de muita fragilidade (acho que já tinha comentado isso antes) e isso não me faria bem. Mas mais pra frente sem dúvida que quero ler!
Ótima quarta!
Beijo! ^^
Oiê, bn!
ResponderExcluirNão entendi pq meu comentário saiu como resposta da Cecy, eu ia até excluir p/comentar novamente, mas tudo bem! kkk
Amiga, eu senti que vc ficou envergonhada e só pegou 3 coxinhas, mas como eu sei também que vc é "GARRADA" nelas, resolvi então trazer uma marmitinha com mais algumas p/vc se deliciar enquanto proseia com os amigos. Gostou do mimo? kk
Bjsss e uma noite muito linda aí p/vcs tb
Boa tarde, como vai?
ResponderExcluirAinda nao conhecia a história mais achei bem interessante.
beijos
www.garotadelicada.com.br
deve ser super interessante! adorei a indicação!
ResponderExcluirxoxo
Guria do Século Passado
Adoro livros assim, que além de muita informação importante, passa um pouco da dor do outro para nós.
ResponderExcluirAdorei a indicação, esse eu quero ler, bjocas no coração.