A rigorosa sociedade russa vivia de
aparências no século 19, quando o
escritor Tolstói decidiu escrever o romance homônimo sobre a personagem Anna Karenina.
A jovem que representa a insatisfação e depressão da aristocracia da
época, já foi para o cinema 4 vezes e estreou sexta-feira 15/03/13 nas telonas
pela quinta vez, no longa de Joe Wright.
Clássico de roupa nova, com figurinos vencedores do Oscar e direção
de arte impecável, o diretor começa as tomadas em plano aberto, nos quais
mostra uma moldura ao redor da cena, dando a impressão que tudo se passa dentro
de uma pintura, a adaptação da obra de Tolstoi faz bem à mente a aos olhos.
Com roteiro de Tom Stoppard (Shakespeare Apaixonado e O Império do
Sol), trata-se de um filme inovador em formato, misturando elementos teatrais,
plásticos e cinematográficos para contar a história da mulher casada que ousa
ter um caso extra-conjugal na Rússia de 1874.
Anna Karenina tem o que todas as mulheres de São Petersburgo gostariam
de ter na época, um marido, Alexei Karenin,
rico e respeitável funcionário do governo, ótima posição social e um
filho. Sua vida é dividida entre chás, jantares e idas à ópera.
Um dia ela recebe uma carta de seu irmão Oblonsky pedindo que ela vá a
Moscou para ajudá-lo a salvar seu casamento após uma traição. A missão é bem
sucedida, mas a viagem também serve para que Anna conheça e se apaixone pelo
oficial da cavalaria Vronsky.
Apesar do dilema moral, Anna não consegue ignorar a
atração pelo oficial e os dois começam a ter um caso que inesperadamente é
tolerado pelo extremamente virtuoso marido de Anna. Porém, boatos começam a
surgir e, para o horror de Anna, sua vida secreta torna-se pública. A sociedade
então passa a tratá-la como uma pária.
Agora, Anna precisa contar com a compaixão do marido para que ele não a
afaste de seu filho adorado, enquanto lida com a rejeição e o preconceito de
amigos, que não aceitam que uma mulher adultera freqüente os mesmos lugares que
eles.
A situação chega a tal ponto que Karenin se vê obrigado a pedir o
divórcio, e Anna perde todo seu dinheiro e o filho para poder ficar com o
amado. Mas mesmo com sua situação “oficializada” ela continua sendo hostilizada, e começa a perceber que ao perder seu
status, perdeu também sua liberdade.
Anna Karenina é o terceiro trabalho da atriz Keira Knightley com o
diretor Joe Wright. Keira foi a estrela de mais dois filmes de época, “Orgulho e Preconceito” (2005) baseado no livro de Jane Austen, e “Desejo
e Reparação” (2007) Baseado em um livro de Ian McEwan.
Apesar da belíssima e interessante fotografia que dá a impressão de se
passar dentro de uma pintura ou em um palco de teatro, e dos figurinos
vencedores do Oscar, o ponto alto aqui ainda é o texto de Tolstói, seu humor
refinado e o retrato que o escritor faz da sociedade russa, um deleite tanto
para quem já leu o livro quanto para quem ainda não folheou suas páginas.
Como VCS já sabem aqui tudo termina (ou começa) em literatura.
Abraços literários.
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