Hoje se comemora o dia de Santa Bárbara e
também é homenageada Iansã.
No sincretismo religioso Iansão é representada por Santa
Bárbara.
Sem me deter no aspecto religioso (sou adepta da livre
religiosidade, onde a bondade, o amor e o respeito ao próximo devem
necessariamente vir junto com toda e qualquer religião, não importa qual nome
as denomine) e sim no cultural já que sou apaixonada por mitologia (o candomblé
está representado na mitologia africana) e também por hagiografia (A história
da vida dos santos católicos) lembrei-me desse extraordinário filme que assisti
há muitos anos, um filme antigo e ao mesmo tempo tão atual!
Como sou muito sensível a tudo que se refere aos
animaizinhos e sou total, radical e inteiramente dedicada a eles O Pagador de
Promessas me marcou muito na época que assisti e que até hoje me faz refletir.
Claro que quando assisti somente assimilei a história e não
me dei conta das infinitas camadas que a história pretensamente simples encerra
em si e que se transformam em complexas e grandiosas nuances.
Hoje compartilho com vcs esse que é um clássico e premiado
filme do nosso cinema nacional.
A obra-prima do cinema brasileiro, O Pagador de Promessas, baseado na
narrativa de Dias Gomes, lançado em 1962, amplamente premiado, foi roteirizado
e dirigido por Anselmo Duarte. As filmagens foram realizadas em Salvador,
capital da Bahia. Premiado com a Palma
de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, na categoria de melhor filme,
conquistou também outros inúmeros prêmios e uma indicação para o Oscar de 1963,
no qual concorreu como melhor filme estrangeiro.
O Pagador de Promessas foi concebido em 1961, quando o
cineasta Anselmo Duarte assistiu a transcrição cênica da peça de Dias Gomes,
levada aos palcos por Flávio Rangel, protagonizada por Leonardo Vilar, que
seria convidado também para a versão cinematográfica.
O diretor pelejou antes de obter a permissão de Dias Gomes
para a realização do filme, pois nessa época havia dirigido apenas uma
produção, Absolutamente Certo. Com certeza o dramaturgo não esperava um
retorno tão bom nas bilheterias e no rol das premiações. Os direitos foram
finalmente adquiridos a um custo de 400 cruzeiros, valor recorde na história
das adaptações de obras brasileiras. Não foi necessário recorrer a um montante
financeiro tão alto para custear o filme, que foi realizado com apenas R$ 20
milhões.
A trama é singela, porém tocante e bem construída. Zé do Burro,
interpretado brilhantemente por Leonardo Vilar, é uma pessoa simples que, ao
tentar apenas concretizar o cumprimento de uma promessa concebida em um
terreiro de candomblé – levar ao longo de um caminho extenso uma cruz de grande
peso -, se vê diante da intolerância da Igreja.
Zé detém uma pequena fração de terra no Nordeste
brasileiro, a uma distância de 42
Km de Salvador. Quando seu grande amigo, um burro de
estimação, fica enfermo ao ser fulminado por um raio, ele imediatamente sai em
busca de uma mãe-de-santo ligada ao Candomblé. O dono do animal promete que se
seu burro ficar bom, dará aos pobres suas terras e levará uma cruz de madeira
até a Igreja de Santa Bárbara, localizada na capital da Bahia, e lá a doará ao
padre responsável pela instituição.
Assim que o burro se restabelece, ele põe o pé na estrada,
ao lado de sua esposa Rosa, vivida por Glória Menezes. A abertura do filme
mostra Zé do Burro e a mulher alcançando a catedral durante a madrugada. Quando
o padre se inteira do contexto que marcou a promessa de Zé, a rejeita
imediatamente, pois aponta nela raízes não cristãs, mas sim pertencentes ao
Candomblé.
É quando Zé se torna famoso na cidade, tornando-se
instrumento de protesto para os adeptos do Candomblé; massa de manobra para a
mídia atrelada ao sistema, que o acusa de ser defensor da Reforma Agrária, uma
vez que doou suas terras aos desprovidos da sorte; e meio de reafirmação do
monopólio religioso exercido pela Igreja Católica.
Um caloroso confronto com a Polícia tem início quando se
tenta impedir à força a entrada de Zé na Igreja. E a trama caminha para um
desfecho trágico.
Tudo contribuiu, nesta produção, para
transformá-la em um clássico do cinema brasileiro, que chegou a ser transmitido na
própria Casa Branca, aclamado então pelo Presidente Kennedy em pessoa.
Fonte- Wikipédia
Recomendadíssimo.
Abraços Literários e até a próxima.
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