Com simplicidade emocionante em meio a policiais e romances melodramáticos, livro de ficção científica
surpreende com prosa fluente de escritor americano.
Em seu romance de estreia, o nova-iorquino Peter Heller (considerado um mestre em narrar histórias de
aventuras) conseguiu praticar uma literatura diferente da que vem cultivando
alguns dos escritores mais vendidos da atualidade.
Na Companhia das Estrelas, inova tanto no conteúdo quanto na forma. A
trama é construída a partir de uma possibilidade real: mostra os Estados Unidos
pós-apocalíptico, cuja população foi quase totalmente dizimada por uma gripe
fatal. Aos que sobraram, resta a tarefa de se matarem uns aos outros ou formar
alianças a fim de conseguir sobreviver em meio à escassez de comida e de
recursos.
Nesse contexto, o protagonista é
Hig, um viúvo solitário que tem como melhor amigo seu cachorro, Jasper, e
costuma sobrevoar o que restou de sua cidade a bordo de um avião dos anos 1950
em busca de suprimentos. O único ser humano com quem ele tem contato é uma
figura tão antissocial que acaba sendo carismática: um idoso que não hesita em
matar todos os que se aproximam do hangar onde eles vivem.
O que surpreende é que Heller consegue dar conta de construir toda essa
tragédia a partir do fluxo de pensamento do protagonista, que conta a história
passados nove anos do apocalipse.
É aos poucos, conforme Hig alterna
os tempos presente e passado, que o leitor vai descobrindo o que aconteceu.
Tudo conforme flui a linguagem simples com a qual Heller traduz as emoções.
Lançado originalmente no ano passado, no Reino Unido, com o título de The Dog Stars, Na Companhia das Estrelas, fez
tanto sucesso por á que não demorou a ganhar uma tradução em
português. Ao todo, o livro já é vendido em 14 países
além do Brasil. O reconhecimento do autor também não tardou. O romance de
estreia de Heller foi selecionado por vários veículos especializados, como o
respeitado site Publishers Weekly, um dos melhores livros de 2012.
Vale a pena.
Abraços literários e até a próxima.
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