Num mundo dividido em comunidades, habitantes vivem uma realidade ideal. Sem doenças nem guerras, sem preconceitos nem relações afetivas, sem cores e também sem sentimentos. Dentre eles apenas uma pessoa (Jeff Bridges) é encarregada de armazenar todas as memórias para que o passado não os influencie. De tempos em tempos essa tarefa muda de mãos e agora o escolhido é o jovem Jonas (Brenton Thwaites).
Assisti ao filme O Doador de Memórias,
despretensiosamente, sem especulações, querendo
apenas conferir a obra literária na telona.
The Giver, no original, dirigido por Phillip Noyce, trata
sobre ficção científica - ou distopia – com um toque de drama.
Baseado no livro O Doador, de Lois Lowry, o filme trata de
um futuro que remete a Jogos Vorazes e Divergente, onde adolescentes lutam
contra regimes totalitários em busca de
ideais - e que ao completar 16
anos, são designados para trabalhar na
área com a qual melhor se identificam... Porém o foco do Doador muda levando em
consideração filmes similares.
Ação, lutas, romances, aventuras, nada disso é
concretizado. O filme foge dessa pegada, o que nos remete às literaturas sociais. Filosofia,
questionamento (ou a falta dele) em relação ao poder do governo.
A sociedade atual é morna. E por essa falta de ânimo, de
contraposição, de paixão e ardor é que se torna um mundo de mesmice, em preto e
branco. E é também pelo mesmo motivo que você verá a primeira parte apenas em
preto e branco, inclusive durante a narrativa as cores vão aparecendo à medida
que os sentimentos vão sendo (re)descobertos.
Os casais existem para cuidar das crianças criadas
artificialmente, pois não há toque entre eles, muito menos sexo. As profissões
são escolhidas pelos mais velhos, os Anciões. Todos têm horário para dormir e
acordar e quando saem de casa passam o pulso por um mecanismo que neles injeta
uma substância que lhes inibe as emoções.
O passado é oculto da população, de forma a poupá-los de
qualquer sofrimento e também para que o doador possa guiá-los com sua sabedoria.
E é o que tem feito o “Doador” até que novo receptor seja escolhido.
Jonas então atinge a idade de ter sua profissão escolhida e
é o escolhido para receber todas as memórias e ser o próximo Doador.
Incompreensível de início, afinal Jonas é muito
contestador, percebemos que logo haverá um grande envolvimento entre o guardião
de memórias e ele.
Jonas fica feliz com as primeiras memórias que recebe. E
quando descobre a cor tudo ganha sentido a seu redor. Até conhecer os ataques à
natureza e as guerras. Aí então ele decide que não vai ficar com essas memórias
só para si.
É um filme para adultos que, erroneamente, foi descoberto
por adolescentes. Os que leram o livro e foram ao cinema para assistirem
perseguições espetaculares em 3D, provavelmente não entenderam nem o porquê da
primeira metade do filme ser em P&B. Para outra boa parte dos que
assistiram não funcionou por não oferecer atributos para persuadir e não teve a
audácia de desafiar.
Um ponto positivo para o filmexlivro, é que no filme nós
conhecemos no final, o que acontece com Jonas e a comunidade e no livro temos
apenas a visão do nosso protagonista.
Não recomendo para todos, mas os que quiserem assistir um
filme instigante e que foge dos clichês não vai se decepcionar.
Abraços Literários e até a próxima.
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