Viagens, conhecimentos, paisagens, personagens,
sentimentos, filosofias e sentidos. Como é vasto este mundo. O dos livros.
Ainda maior e mais interessante do que o nosso planeta azul, já não mais tão
verde, onde o alaranjado do Sol está cada vez mais encoberto pelas nuvens
acinzentadas dos concretos.
Em cada átomo
desse mundo, cada capítulo de um livro – impresso ou digital - quantas
possibilidades. A do autor, recheada com sua imaginação e a de cada leitor,
individualizada, personalizada, singular em sua própria interpretação. Uma
espécie de biodiversidade. Simplesmente fascinante. O meu Hamlet tem uma expressão no olhar, um gestual e timbre de voz,
diferente do seu. E as reflexões que o texto de Shakespeare desperta são
distintas para cada feliz fã de suas obras. Não é maravilhoso?
Graças ao livro o teletransporte
já existe. Posso viver por minutos, horas na França de Proust e quase sentir os mesmos aromas que ele. Encantar-me com as estórias que Sheherazade narrou para o
sultão Shahryar durante 1001 noites.
Olhar os olhos de ressaca de Capitu em Dom
Casmurro. Acompanhar A Revolução dos Bichos de George
Orwell. Ter um encontro marcado com
Fernando Sabino. Deixar-me cativar pelo Pequeno
Príncipe que veio de um outro mundo.
Sonhar com um mundo justo na companhia de Dom
Quixote de Cervantes. Apaixonar-me pelos heterÔnimos de Fernando Pessoa. Emocionar-me com Vidas Secas de Graciliano Ramos e colocar Baleia no colo. Ouvir o Chamado Selvagem de Buck – Jack London.
Apaixonar-me por Ceci e Peri em
O Guarani de José
de Alencar. Pousar no interior da Inglaterra de um século atrás e bancar
o detetive numa obra de Agatha Christie.
Acordar no meio de uma colheita de cacau acompanhando a obra de Jorge Amado. Assim, num virar de
páginas. Sem visto no passaporte ou mala para arrumar.
Uma das minhas
viagens favoritas são as viagens no tempo. Também já realidade na literatura.
Júlio Verne me encanta, fascina e conquista! Obras de Monteiro
Lobato me fazem rejuvenescer a menos
de dois dígitos de idade. Romances históricos me fazem entender a cultura
árabe, judaica, inglesa, chinesa, húngara, espanhola, portuguesa, iraniana …
Por isso e muito
mais é que eu não consigo entender e talvez você, meu querido companheiro
leitor, possa me ajudar. Por que tantas pessoas não gostam de ler? Como pode
alguém não se interessar por esse mundo infinito de possibilidades?
Desconhecimento ou
falta de incentivo? Não sei. Mas uma coisa me intriga. Quem não gosta de ler,
não gosta de aprender, certo? Como alguém pode viver sem curiosidade?
Pense nos livros
que você já leu. Lembre-se de quantos lugares, épocas, costumes e comportamentos
você conheceu graças à literatura.
Agora me conta: Para onde será sua próxima
viagem?
Beijos literários
e até a próxima.