A Caneca Literária de hoje é para VCS que amam um bom
filme, especialmente se é uma excelente adaptação literária para as telonas, em um cenário de tirar o fôlego e com bons
diálogos.
E já que estamos no final do ano, veio bem a calhar, já que
é uma interessante referência a fé, a esperança e aos recomeços.
Vamos viajar com a Frances, Sob o Sol da Toscana-
Sinopse do livro-
Frances Mayes, exímia narradora de viagens e amante da
gastronomia, nos apresenta o incrível mundo que descobriu quando comprou e
reformou uma casa de campo abandonada no interior da Toscana. Com uma linguagem
sensual e evocativa, ela faz com que o leitor a acompanhe à medida que vai
descobrindo a beleza e a simplicidade da vida na Itália. Seguindo a tradição de
turistas famosos em visita à Toscana, ela refaz passeios de D.H. Lawrence e
Henry James, e consulta o poeta Virgílio. Tão talentosa na cozinha quanto ao
escrever sobre vinhos e culinária, Mayes também cria dezenas de deliciosas
receitas sazonais, todas elas incluídas neste livro.
Ao fazer pela Toscana o que M.F.K. Fischer e Peter Mayle
fizeram pela Provence, Mayes fala das singularidades e prazeres de um país
estrangeiro com entusiasmo e paixão. Uma enaltação da extraordinária qualidade
de vida da região, "Sob o Sol da Toscana" é um banquete para todos os
sentidos, e, como tal, foi consagrado nas listas de mais vendidos de todo o
mundo e adaptado com enorme sucesso para o cinema.
Sinopse do filme-
Frances é uma bem sucedida escritora que após o divórcio
perde a motivação pela vida e pelo seu trabalho. Para lhe ajudar a sair da
depressão, Patti, sua melhor amiga, a presenteia com uma excursão de 10 dias
pela Toscana, com a esperança de afastá-la daquela vida inerte. Envolvida pelo
encanto e romantismo do lugar, Frances, num gesto impetuoso, acaba comprando
uma casa abandonada há mais de 30 anos. Em péssimo estado de conservação, o
lugar é conhecido como Bramasole. Em meio ao processo de restauração da casa,
ela experimenta a adaptação na nova morada, sua busca por si mesma, pela
felicidade e, é claro, por um novo amor. Entre paixões e desilusões,
questionamentos, novas amizades e novos costumes, ela vai se encontrando,
voltando a sorrir, a amar e a viver.
Um psicólogo em forma de cenas!
A
reforma que é necessária para o recomeço. O encontro com o “Sagrado”, quando Frances descobre na imagem da
Virgem Maria, um apoio, uma proteção, uma companhia. A fonte (na história do livro), que no filme é uma torneira no interior
da casa, é uma metáfora para a vida que precisa fluir naturalmente em
abundância.
A citação sobre os
trilhos dos Alpes, que fala de fé, de acreditar, de ter coragem… “Dizem que
assentaram os trilhos nos Alpes entre Viena e Veneza antes que houvesse um trem
para fazer o trajeto, mas mesmo assim construíram, eles sabiam que um dia o
trem chegaria”. E não menos importante, a
joaninha, que na Ásia é um símbolo de sorte e amor. “Eu vivia procurando
joaninhas e não as encontrava. Um dia adormeci na grama e quando acordei estava
coberta de joaninhas, um monte delas!” E a joaninha de Frances aparece em seu
braço no final do filme trazendo a promessa de novos tempos, novos projetos e
novos amores.
Procurar seu Lugar ao Sol ... O Astro Luz, símbolo de Deus
e para alguns povos antigos a própria divindade, mas independente de
religiosidade é a possibilidade de vida em nosso planeta, portanto equivale a
busca pela própria existência.
Neste filme temos a história de uma mulher que é lançada em
um momento de trevas, mas toma uma decisão
e parte em busca da luz.
‘BRAMASOLE’!
Brama = Bramar, aspirar, desejar intensamente
Sol = Sol
DESEJAR O SOL!
É preciso BRAMASOLE e este é o grito central reforçado pelo movimento, não só da nossa
protagonista, como de cada personagem.
Interessante relembrarmos que Frances é crítica de literatura,
e que sua crítica negativa a um livro lhe joga luzes sobre uma traição, e da mesma maneira, no final do filme, quando
ela vive um novo momento em sua vida, outra crítica sua atrai para si
o amor!!
A aceitação plena do novo exige a ruptura com o passado. No
filme há uma cena que representa bem este momento: Frances chega em casa com
muita raiva e em um acesso de fúria quebra o pequeno vaso azul que era a única
peça que havia trazido de sua antiga casa.
O que nos leva a um questionamento interessante: O que em
sua vida seria este pequeno vaso azul que você carrega como uma preciosidade?
Neste caminho da transformação o enredo do filme vai nos apresentando
e presenteando com alguns símbolos.
A Reforma- Após comprar a casa nossa personagem se dedica a
uma audaciosa reforma. A reforma da casa caminha na mesma proporção em que a
reforma interna é realizada.
O Número Três- Em vários momentos do filme o três ou alguma
de suas personificações estão presentes.
A mudança de Frances se resume a três caixas. A casa que
ela compra tem três séculos de existência e possui três quartos. São três
pedreiros trabalhando na reforma. São três os homens de sua vida (o marido, o
amante, e o novo amor). São três preces feitas em seu quarto para a imagem da
Virgem Maria na cabeceira de sua cama. O Três tem uma grande importância
simbólica de união e equilíbrio em nossa vida, em vários níveis: Condição
Humana (corpo, alma, espírito); Espiritualidade (Trindade Santíssima);
Imaginário (três mosqueteiros; três porquinhos; três reis magos); etc.
O Encontro com o Sagrado- Para uma alma que se encontra
abatida e perdida na vida, o encontro com a Divindade é sem dúvida um momento
muito significativo.
No filme este encontro ocorre no momento em que ela descobre
na imagem da Virgem Maria, o apoio, a proteção e a companhia..
A Fonte- No filme a fonte é representada pela torneira que
se encontra no interior da casa.
Quando Frances entra na casa pela primeira vez, esbarra na
torneira como quem não a vê. Ela está tão perdida em relação a si mesma e ao
que deseja que não percebe a fonte externa assim como não reconhece sua fonte
interna de vida.
Em um segundo momento
ela abre a torneira, mas constata que está seca. É preciso este
reconhecimento de que a fonte está seca, pois sem esta consciência não haverá
chance de transformação. Só quando percebo a falta posso incluir como parte da
minha ‘reforma’ a revisão dos ‘encanamentos’!
Depois temos a torneira pingando água. Onde a água que
pinga anuncia que a vida poderá fluir novamente em breve.
E no final do filme temos a bela cena da torneira totalmente
aberta inundando a sala com água abundante. Enfim a vida flui naturalmente e
segue o curso da saúde, ela flui sem impedimentos e anuncia a alegria e a
plenitude!
A Joaninha- “Eu
vivia procurando joaninhas e não as encontrava. Um dia adormeci na grama e
quando acordei estava coberta de joaninhas, um monte delas!”
A joaninha é um símbolo da sorte e do amor. No simbolismo
cristão, a joaninha é frequentemente associada com a Virgem Maria. Neste
referencial simbólico ela está associada a ideia de Proteção. Em inglês, a
joaninha é chamada de ‘beetle of our lady’, ‘besouro de Nossa Senhora’. Esse
nome teve origem na Idade Média, quando os agricultores pediram à Virgem Maria
para salvar suas lavouras. Então, elas apareceram e destruíram as pragas, atendendo ao pedido dos
fiéis.
A presença da Joaninha no braço da Frances no final do
filme é a confirmação de que enfim chegaram a sorte, a felicidade, a proteção,
a amizade, o amor!
Mas o mais importante: só quando ela reclina para descansar
é que a joaninha pousa!
“Coisas inesperadamente boas podem acontecer até no último
momento. É uma surpresa e tanto!” (uma das últimas falas de Frances no filme)
Abertura para o Nov0- Os Trilhos dos Alpes
“Dizem que assentaram os trilhos nos Alpes entre Viena e
Veneza antes que houvesse um trem para fazer o trajeto, mas mesmo assim
construíram, eles sabiam que um dia o trem chegaria”.
Uma dose extra de coragem, uma porção de loucura,
envolvidos pela energia da fé, e com certeza nossos investimentos aparentemente
mais insanos poderão ser altamente recompensados!
Caminhemos com a certeza de que estes símbolos/presentes
podem nortear nossa busca, reforçar nossa coragem, aguçar nosso desejo, e que
no caminho o Sol será sua luz guia, mesmo em período de profundas sombras
internas!
Que a cada dia possamos caminhar para as grandes resoluções e para as
grandes realizações.
Um filme singelo, delicado, poético,
reflexivo e principalmente inspirador, em locações de tirar o fôlego e com
diálogos de romper barreiras!
Recomendadíssimo!
Abraços Literários e até a próxima.