A novela das 21h, Velho Chico, que começou em 14/03/2016, chega hoje ao
fim.
A trama que enfrentou
altos e baixos ao longo de sua trajetória termina prometendo poucas surpresas
em sua história, mas muita emoção.
A morte de dois
atores, Umberto Magnani e Domingos Montagner – deve ser lembrada no desfecho,
que reserva redenções, mortes, casamentos e nascimentos.
Umberto Magnani, que
vivia o padre Romão, sofreu um acidente encefálico no dia de seu aniversário de
75 anos, 27 de abril, foi substituído por Carlos Vereza, que interpretou o
padre Benício. Já Domingos Montagner, o protagonista Santo, morreu ao mergulhar
no rio São Francisco, no dia 15 de setembro, após gravar cenas da trama.
Para terminar a novela
sem o protagonista, a direção colocou os atores contracenando com a câmera,
como se o espectador observasse tudo do ponto de vista de Santo.
(A tática apesar de
pouco utilizada, não é inédita em novelas, ela foi usada em A Próxima Vítima ,
de 1995. A
trama girava em torno de um assassino e, nas cenas dos crimes, optou-se por
usar a câmera para preservar a identidade do assassino).
No último capítulo de Velho Chico, a protagonista Tereza (Camila
Pitanga) vai se casar com o amor de sua vida e ajudará o filho, Miguel (Gabriel
Leone) a cumprir sua missão de preservação ambiental nas terras da cidade
fictícia de Grotas.
Já casados e longe da
aflição de serem irmãos, Miguel e Olívia (Giullia Buscaio) realizam os sonhos
com filhos e terras produtivas.
Além dos finais
felizes, alguns personagens terão a sua redenção, como Luzia (Lucy Alves) que depois de ajudar Beatriz (Dirá Paes) a
se eleger prefeita, seguirá um novo caminho, mas não perderá o amor da família.
Já o coronel Afrânio
(Antonio Fagundes), que passou os últimos capítulos em conflito e cheio de
arrependimentos com a morte do filho Martin (Lee Taylor), terá uma reviravolta.
Com o desejo de ser um homem melhor, ele procura Iolanda (Cristiane Torloni) e
denuncia os políticos corruptos da cidade, que culminará com a morte do vilão
(Marcelo Serrado).
Velho Chico apostou em diálogos longos sobre o coronelismo e na defesa
do meio ambiente, além de cenas estonteantes que retratavam paisagens naturais.
Se a média de
audiência não chegou aos 30 pontos, ainda assim a trama se tornou um marco por
ter sido artística, com acabamento e profundidade.
Souberam tratar muito bem todos os mistérios e as dificuldades que
envolvem o rio São Francisco e nos fez refletir sobre o futuro das reservas
naturais.
As cenas sempre
estiveram envoltas em bastante sensibilidade, bom gosto e delicadeza.
Uma novela é
considerada um clássico, não somente pelos pontos de audiência, mas também pelo
cuidado estético empregado.
A direção de arte, a abordagem da preservação do meio ambiente, as
locações, um enredo bem amarrado
(uma história de amor proibido, uma saga familiar que passou por gerações, o
amor pela Terra, a ambição desenfreada e a ganância) e um elenco afiado
(Selma Egrei, Marcos Palmeira, Chico Diaz, Rodrigo Lombardi, Fabiula
Nascimento, Irandhir Santos, Gésio Amadeu, Luci Pereira, Zezita Matos, entre
outros) fizeram de Velho Chico um marco na teledramaturgia brasileira.
Velho Chico trouxe o rio, que dá nome ao título, como o grande
protagonista dessa história de
amor e conflitos, em uma declaração de
amor à nossa Terra, uma novela emoldurada por uma crítica social muito bem
construída, um reencontro com a brasilidade, com a história do Brasil, suas
lendas e sua religiosidade.
Abraços Literários e
até a próxima.