Atualmente são produzidos muitos filmes de animação, mas poucos apresentam um roteiro realmente bom. O gênero tem feito cada
vez mais sucesso com o público, no entanto a maioria dos filmes atuais somente se
destaca pelas excelentes direções de arte, que garantem um grande apelo
estético, mas não conseguem prender pela história.
Claro que podemos destacar exceções como “Up – Altas
Aventuras”, “Mary and Max” e outros mais antigos como “Toy Story” e “Monstros
S.A”. Porém, são poucos os desenhos atuais que realmente chamam atenção. O filme “Meu Malvado Favorito” (“Despicable Me”, no original) também se encaixa perfeitamente no quadro das
exceções.
A trama gira em torno do cientista e maior vilão do momento, Gru, que tem seu posto colocado em xeque por um vilão novato,
chamado Vetor.
Um dos pontos interessantes do roteiro é o
protagonista ser um vilão. É ele que nós acompanhamos ao longo
do filme. E esse fato se torna ainda mais interessante se observarmos que os vilões
estão fazendo cada vez mais sucesso com o público.
Mas Gru não é
essencialmente um homem mau, está mais para alguém antissocial, suas
atitudes soam mais como implicâncias do que ações cruéis, como quando estourou
um balão de um garotinho ou furou a fila de um café usando um raio congelante.
E, ao longo do filme, percebemos que essas atitudes são frutos de traumas de
infância e da relação que ele tinha com sua mãe.
Para recuperar o posto perdido, Gru decide roubar a lua, só
que para isso ele precisa de um raio encolhedor que Vetor, roubou. Gru então decide adotar três meninas, Margo,
Edith e Agnes.
A chegada das três garotinhas, que são
contempladas com doses extras de fofura – especialmente a mais nova, Agnes -, representa uma mudança na vida do vilão.
Inicialmente Gru as adotou apenas para que elas o ajudassem a entrar na casa de
Vetor, pois elas vendiam biscoitos que o inimigo adorava. Depois, a falta de
paciência com as pequenas meninas se transformou em um grande carinho e a
chance de sentir o que é ter uma família de verdade
O relacionamento do Gru com as meninas faz com que ele
reveja seus conceitos e fique em dúvida se deve seguir com suas malvadezas.
Este filme tem um enredo excepcional, extraordinariamente bom. Qualquer pessoa em qualquer idade vai gostar.
As situações que envolvem os quatro são ao mesmo tempo
engraçadas e tristes. Engraçadas porque três meninas pequenas e fofas junto com
um vilão contraria tudo. E se você pensar que esse vilão se envolve em mil
confusões tentando em vão se apegar a elas tudo fica ainda mais engraçado.
O filme utiliza um humor bastante refinado com boas piadas
seja nos diálogos ou nos jogos de cena.
A parte triste fica por conta de como foi bem construída e
apresentada a adoção no sentido da expectativa de uma criança que espera por
uma família.
Temas como adoção e a falta de atenção de alguns pais com
seus filhos são tratadas de maneira muito sutil. Quantas crianças adotadas não
passam por problemas com a nova família? E quantas não conseguem sequer serem
adotadas? E aquelas que não recebem
carinho dos próprios pais. Quais são as consequências disso para o futuro
delas? Tudo isso é exposto no filme de uma forma inteligente e sensível.
Nesta animação conhecemos também os minions, criaturinhas amarelas e fofíssimas pelas quais todos vão se apaixonar, ajudantes do Gru nas suas maldades.
Em 3D, algumas cenas ficaram simplesmente
perfeitas, como a da montanha russa no parque de diversões.
Não imaginava que teria uma continuação, uma vez que o
filme não propõe isso, já que o final é
nota 10 e não deixa pontas soltas, muito bem alinhavado.
Na parte técnica, destaque para a excelente direção de arte
e fotografia.
A trilha sonora chama a atenção pelo simples fato de ser perfeita e as músicas originais inseridas combinarem 100% com o enredo.
A trilha sonora chama a atenção pelo simples fato de ser perfeita e as músicas originais inseridas combinarem 100% com o enredo.
Além das músicas compostas especialmente para o filme serem
excelentes, também estão na lista outras mais famosas como “Sweet Home Alabama”
de Lynyrd Skynyrd, “You Should Be Dancing” dos Bee Gees e até a clássica
“Garota de Ipanema” de Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Particularmente gostei muito dos dois filmes e não saberia escolher entre um e outro, os dois são muito bons, mas uma ressalva talvez seja o fato de que o segundo filme tenha uma trama mais bem elaborada e seja ainda mais divertido, as risadas fluem o tempo todo, e a dinâmica do filme que antes era focado só no Gru, apresenta histórias paralelas. Além disso, o filme tem muito mais cenas dos minions, o que provoca mais risadas com aquela língua deles que ninguém entende. Isso é meio que um preparo para 2014, ano que os ajudantes amarelos ganham o seu filme solo. Eles também participam diretamente do clímax do filme, o que revela uma importância maior deles do primeiro para o segundo.
Com direção de Pierre Coffin e Chris Renaud e o roteiro de Ken Daurio e Cinco Paul, Meu malvado Favorito 2 já tinha a fórmula do sucesso com o primeiro e acrescentou mais ingredientes interessantes no segundo, o que o tornou mais engraçado e colorido.
Com o final não me parece que haverá sequência, mas eu
pensei assim também com relação ao primeiro. O que me faz pensar em mais um
ponto positivo da narrativa: os filmes podem ser assistidos sem nenhum problema
individualmente como na sequência, pois são bem costurados.
Recomendadíssimo.
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