Cliffhanger, na tradução
literal para a língua portuguesa “à beira do precipício”, ou “à beira do abismo”, é um recurso de roteiro utilizado em
ficção, que se caracteriza pela
exposição do personagem a uma situação limite, como um dilema ou o confronto
com uma revelação surpreendente. Geralmente, o cliffhanger é utilizado para prender a atenção da audiência e, em casos de
séries ou seriados, fazê-la retornar ao filme, na expectativa de testemunhar a
conclusão dos acontecimentos.
O termo
teve sua origem por volta do início do século XX, e foi dicionarizada em 1937, no Oxford English
Dictionary. Na época o recurso foi utilizado como fim de episódio para os
seriados do cinema mudo, quando o personagem ficava literalmente “à beira do
precipício”, e muitas vezes as frases "To be continued,” ou "The End?”
instigavam a curiosidade da audiência para o próximo episódio.
A idéia
do cliffhanger como arremate de episódio se constrói sobre o valor do suspense como garantia de audiência, em que o
espectador aguarda com ansiedade o desenrolar da solução, a despeito de
essa solução ser, de certa forma, previsível. A situação envolvida no
cliffhanger permanece clara na memória do espectador, mantendo-o interessado na história, mesmo com um intervalo
considerável entre a situação apresentada e a solução oferecida.
Seria o que se pode chamar, em psicologia, de
“efeito Zeigarnik". Tal efeito estabelece que as pessoas costumam se
recordar de tarefas incompletas ou interrompidas melhor que de tarefas
completadas.
A idéia
de terminar a história num ponto onde a audiência ficasse em suspense, à espera
da conclusão, remonta a uma época tão antiga quanto à existência das histórias.
Foi o tema central e o recurso construtivo de alguns contos conhecidos, tais
como As Mil e uma Noites, em
que Sherazade , em face da ameaça da execução matinal
ordenada por seu marido, o rei Shahryar, conta suas histórias sempre terminando
com um cliffhanger, forçando assim o rei a adiar sua execução diariamente,
mediante a curiosidade de conhecer o resto da história.
O termo
cliffhanger pode ter se originado com o romance em série de 1873, A Pair of Blue Eyes,
de Thomas Hardy. Na época, os jornais publicavam romances em capítulos,
geralmente um capítulo por mês. Para que o interesse na história
permanecesse, alguns autores empregavam diferentes técnicas. Quando sua
história foi transformada em série no Tinsley's Magazine, entre setembro de
1872 e julho de 1873, Hardy decidiu levar um de seus protagonistas, Henry
Knight, literalmente para a “beira do precipício”, encarando os olhos de pedra
de um trilobita fossilizado, iniciando o literal cliffhanger na literatura
vitoriana.
Desde
que Hardy criou a situação, todos os escritores passaram a utilizar o
cliffhanger, e Wilkie Collins ficou famoso por comentar sobre a técnica:
"Make 'em cry, make 'em laugh, make 'em wait – exactly in that order"
(“Fazendo chorar, fazendo rir, fazendo esperar – exatamente nessa ordem”).
O cliffhanger pode ter migrado para o cinema
no mais popular seriado do cinema mudo, The Perils of Pauline (1914), exibido
em episódios semanais que apresentavam Pearl White como a atriz principal, uma
permanente “donzela em perigo”. Especificamente, um episódio filmado nos
arredores de New Jersey Palisades terminava com a heroína literalmente à beira
do precipício.
A partir de então, vários seriados utilizaram
o recurso, tais como The Hazards of Helen, The Timber Queen, entre outros, em
que a heroína sempre terminava o episódio sob uma situação de perigo extremo e,
aparentemente, sem solução.
Um outro exemplo cinematográfico,
possivelmente o mais famoso cliffhanger, foi o fim do filme de 1969, The
Italian Job (Um Golpe à Italiana), onde o veículo usado na fuga ficava
literalmente balançando à beira do abismo.
Fonte: Wikipédia
Abraços Literários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário