A Caneca Literária de hoje é para VCS que assim como nós
amam o aroma do eucalipto e se deliciam com uma boa caneca de seu chá verde,
especialmente se vir acompanhado de um bom livro!
Eucaliptos
Murray Bail
Numa paisagem
australiana lindamente descrita, viviam Holanda e Helena, pai e filha, cercados
de centenas de eucaliptos, das mais variadas espécies.
Quando Helena atinge a
idade que o pai considera apropriada para o casamento, Holanda determina que só
se casará com sua filha o homem capaz de nomear cada um dos eucaliptos em sua
propriedade.
Será esse o desejo de Helena,
ou ela acabará por se entregar à verdadeira paixão, por um mero contador de
histórias?
Os eucaliptos permeiam
a encantadora narrativa de Murray Bail e lhe emprestam forma, cor e perfume,
tornando-a inebriante e intensa como o amor que Holanda por eles nutria.
Confesso que esse é um
daqueles livros que comprei pelo título.
Eucaliptos são figuras
fáceis da minha infância, numa casa com quintal e jardim.
E aromas são
absolutamente sensoriais, é só a gente sentir o perfume e somos remetidos como
num passe de mágica para outros lugares e outros tempos.
Então, naturalmente,
encantei-me pelo título.
Ao primeiro contato, Eucaliptos, parece ser um tratado de botânica, em linguagem amena e acessível: essa foi a
forma encontrada pelo autor para apresentar as árvores que, além de comporem o
lindo cenário, são verdadeiros personagens da trama.
Tendo como pano de
fundo Nova Gales do Sul, na Austrália, a narrativa gira em torno de um homem,
Holanda, empenhado em procurar um marido para a sua jovem filha, Helena.
Não se sabe com
exatidão em que data isso acontece, apensas que a propriedade rural onde vivem
foi comprada na década de 1940.
Enquanto a filha
crescia, o viúvo Holanda se dedicava a plantar e a colecionar eucaliptos das
mais variadas e incomuns espécies.
Como acontece nos bons
contos de fadas, quando Helena está com 19 anos, o pai decide que ela se casará
com o homem que atender a uma excêntrica e intrigante condição: saber o nome de
cada árvore de sua vasta plantação.
São centenas de
eucaliptos, e muitos pretendentes se submetem ao teste na esperança de casarem
com a moça, conhecida por sua incomum beleza. Entre eles, se destaca o estranho
Sr Gruta, um especialista mundial no tema.
Um dia, Helena se
encontra casualmente com um instigante homem.
Este, mais interessado
em lhe contar histórias do que competir por ela, encanta a jovem – quase como
se a hipnotizasse – com narrativas cheias de imagens bonitas, ambientadas em
cidades, desertos e países distantes.
Fica claro aqui uma releitura bem interessante, de As
Mil e Uma Noites, já que as histórias que o estranho conta para Helena nunca
têm um final, assim como as que Sherazade contava para o sultão, e obviamente a
beleza de Helena numa clara referência a Helena de Tróia, conhecida por sua
estonteante beleza.
E, no meio aos
eucaliptos, uma história de amor com desfecho
imprevisível começa a tomar forma.
São vários livros em um só.
O leitor acompanha um conto de fadas
moderno, várias outras histórias dentro deste, e entra em contato com a vida na
Austrália, com conceitos sobre arte e beleza, além é claro, de obter
explicações minuciosas e envolventes sobre os eucaliptos – suas flores, folhas
e curiosas denominações – as árvores que constituem o fio condutor desse
belíssimo romance.
Recomendadíssimo.
Abraços Literários e
até a próxima.
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