Trem noturno para Lisboa, vendeu 2 milhões e
meio de exemplares desde que foi publicado em 2004 e se tornou fenômeno
editorial na Europa.
O livro/filme sugere
que tanto os herdeiros dos torturadores, quanto os torturados, sofrem ao
remexer nesse passado de más lembranças. Ambos têm dramas pessoais a serem
revistos, remorsos ou arrependimentos que teimam em não sair da memória mesmo
com o passar do tempo. Alguns já morreram, outros estão envelhecidos, mas mesmo
seus descendentes também sofrem ao saber da história pessoal dos seus avós tão
queridos.
É o caso da jovem mulher que o professor Gregorius impede
de se jogar de uma ponte, na chuvosa Berna, Suíça.
A história trata da mudança brusca na vida do
professor de línguas clássicas Raimund Gregorius, que deixa a universidade, a casa e a sua
vida em Berna para pegar o Trem noturno para Lisboa e
conhecer a cidade, através do olhar do médico Amadeu Almeida Prado, escritor português, cuja obra conheceu ao ficar com o livro
de sua autoria que estava no bolso da mulher quase suicida.
Apenas com a roupa
do corpo e um cartão de crédito internacional!
Em terras portuguesas, o protagonista inicia uma busca pelo
passado de Amadeu, entrevistando os personagens do livro. Descobre uma história
de amor, amizade, paixão, conflitos, traições, disputas e agitações políticas
que aterrorizaram a população durante a ditadura fascista de Salazar
Em sua viagem encontra pessoas que ficaram marcadas por seu
relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta
ou combatente da ditadura.
O entrelaçamento entre as histórias pessoais
e a história política portuguesa é envolvente. A quase-suicida
acaba se revelando como neta do “Carniceiro de Lisboa”. O impulso de se jogar
da ponte em Berna ocorreu após ter lido a denúncia de quem era, de fato, seu
avô. Ela lembrava apenas das cenas carinhosas de um avô com a netinha e
desconhecia que era o maior torturador do regime ditatorial.
No papel de narrador da história para os próprios protagonistas, Gregorius resgata sua autoestima, para isso foi também necessário reencontrar o amor
através da sobrinha de um velho militante “aprisionado” pela família em asilo
de velhos, depois de anos passados nos cárceres da ditadura.
É arrebatador imaginar as ruas dessa cidade histórica.
Fiquei pensando em como seria se alguém acompanhasse algum autor paulistano
desconhecido nas suas andanças por São Paulo.
Se fôssemos até onde o autor morou, conversássemos com seus
parentes vivos, para saber mais obre ele.
Um filme/livro interessante, um road trip magnífico,
intenso, cativante, com personagens bem construídos e instigantes.
Super vale a pena conferir, acreditem o tom é de intimidade
e nada didático.
Recomendadíssimo.
Abraços Literários.
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